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Gastroenterologia19 março 2024

Pancreatite autoimune: Uso da IgG4 na predição de desfechos

Estudo buscou comparar características clínicas, tratamento e os desfechos da pancreatite autoimune com base nos níveis séricos de IgG4.
Por Leandro Lima
A pancreatite autoimune (PAI) é uma forma de pancreatite crônica que acomete mais frequentemente homens de meia-idade, com resposta dramática à corticoterapia e que pode ser classificada em tipo 1 (pancreatite esclerosante linfoplasmocítica) e tipo 2 (pancreatite idiopática ductocêntrica), sendo que a primeira tipicamente se associa à elevação da subclasse IgG4 das IgG (IgG4). Na PAI, a IgG4 desempenha tanto um papel diagnóstico quanto prognóstico, ao se configurar como potencial preditor de recidivas, uma complicação que acomete ao menos um a cada cinco pacientes. Em um estudo de coorte retrospectiva, publicado em setembro de 2023 no World Journal of Gastroenterology, pesquisadores chineses trouxeram os dados de 213 indivíduos com diagnóstico de PAI, acompanhados entre 2006 e 2021 no Hospital Geral de Pequim.

Metodologia do estudo sobre pancreatite autoimune

Os objetivos foram comparar as características clínicas, resposta terapêutica e desfechos com base no nível sérico basal de IgG4. A população se constituiu majoritariamente por casos de PAI do tipo 1 (189 vs. 24 pacientes), com taxa de homens para mulheres superior a 3, média de idade próxima aos 58 anos e tempo de seguimento mediano de 53 meses. Leia também: Pancreatite aguda: qual o papel da abordagem intervencionista? Os pacientes foram alocados em dois grupos:
  • Níveis elevados de IgG4 (148 pacientes): IgG4 superior a duas vezes o limite superior da normalidade (LSN);
  • Níveis normais de IgG4 (65 pacientes): IgG4 inferior a duas vezes o LSN (≤ 402 mg/dL).
A partir dos referidos grupos, as seguintes diferenças foram identificadas:
Níveis de IgG4ElevadosNormaisP valor
IgG41.420,5252,7 mg/dL< 0,001
Sexo masculino60,3%56,5%0,047
VHS 1ª hora (mm)43,421,10,002
Proteínas totais72,5 g/L67,2 g/L< 0,001
IgE635,6231,7 UI/mL0,002
Complemento (C3)100,6119 mg/dL0,05
Eosinófilos6,2%3,9%0,001
Estenose ou dilatação do ducto pancreático23,6%37,9%0,045
 Atrofia pancreática1,6%8,6%0,020
Recidiva17,6%6,2%0,030
Dose média de prednisona42,5 mg/dia40 mg/dia0,750
Tempo médio de corticoterapia8 semanas8 semanas0,200
Na análise multivariada foram elucidados os seguintes fatores de risco independentes para a recidiva:
  • IgG4 > 2 vezes o LSN: HR 3,583 (P = 0,020);
  • IgA > 1 vez o LSN: HR 5,908 (P = 0,029);
  • Idade > 55 anos: HR 2,383 (P = 0,036).
Entre as limitações do estudo, citamos a amostra pequena, proveniente de um estudo asiático unicêntrico, o que pode ter influenciado na maior prevalência de anormalidades pancreáticas entre os pacientes com valores de IgG4 normais; o tratamento heterogêneo destinado aos dois grupos, a exemplo da proporção mais elevada de monoterapia com corticoides no grupo de IgG4 elevada; e ausência de avaliação de possíveis fatores genéticos e ambientais relacionados à recidiva. Saiba mais: Você conhece a doença relacionada à IgG4?

Conclusão e mensagens práticas

  • Na pancreatite autoimune (PAI), os níveis séricos elevados de IgG4 se associam à maior atividade do sistema imunológico e, em conjunto com os valores de IgA e idade, foram considerados como fatores de risco independentes para a recidiva.
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Referências bibliográficas

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