Eficácia dos medicamentos no tratamento de gastroparesia

Gastroparesia consiste em conjunto de condições que cursam com esvaziamento gástrico lentificado na ausência de obstrução mecânica, cursando com náuseas, vômitos, dor e distensão abdominal e saciedade precoce. Várias condições podem cursar com gastroparesia, incluindo diabetes, uso de medicações e cirurgias abdominais. Em alguns casos, não se identifica a etiologia, tratando-se de gastroparesia idiopática. O principal exame para confirmar o diagnóstico é a cintilografia de esvaziamento gástrico. 

A gastroparesia apresenta grande impacto na qualidade de vida dos pacientes, contudo a metoclopramida é o único fármaco aprovado para o tratamento dessa condição pelo FDA. Contudo, seu uso não é recomendado para pacientes idosos e não deve passar de três meses, devido aos seus efeitos colaterais extra-piramidais.  

Devido à escassa opção de medicações aprovadas para essa condição, foi realizado um estudo de revisão sistemática incluindo 25 ensaios clínicos randomizados, a fim de avaliar eficácia e segurança de medicamentos testados para gastroparesia.  

Métodos  

Foi realizada uma revisão sistemática com ensaios clínicos randomizados (ECR) utilizando medicações para tratamento de gastroparesia, com base na melhora de sintomas globais e individuais e na segurança de acordo com a ocorrência de eventos adversos, incluindo estudos realizados até 7 de setembro de 2022. 

Resultados 

29 ECR foram elegíveis. Dentre as drogas estudadas, as que se demonstraram eficazes no tratamento da gastroparesia foram as antagonistas dopaminérgicas e antagonistas da neurocinina-1.  

• Sintomas globais de gastroparesia  

Cleboprida (antagonista da dopamina) foi a medicação mais eficaz em reduzir sintomas globais de gastroparesia (RR 0,30; 95% CI 0,16 a 0,57, P-score 0,99), seguida por domperidona (antagonista da dopamina), que demonstrou RR = 0,69; IC 95% 0,48 a 0,98, P-score 0,76.  

• Sintomas individuais de gastroparesia

A metoclopramida foi a medicação que melhor controlou sintomas individuais, como náuseas (RR 0,46; 95% CI 0,21 a 1,00, P-score 0,95), plenitude (RR 0,67; 95% CI 0,35-1,28, P-score 0,86) e inchaço abdominal (RR 0,53 ; 95% CI 0,30-0,93, P-score 0,97). Contudo, esses dados são questionáveis, pois o resultado foi  baseado em um único ensaio clínico randomizado pequeno, além de apresentar intervalo de confiança passando por 1. 

• Efeitos colaterais 

Dentre as drogas estudadas, as mais associadas a efeitos adversos foram prucaloprida (agonista seletivo 5HT4), metoclopramida (antagonista da dopamina) e aprepitanto (antagonista neurocinina-1). 

Dentre elas, a prucaloprida foi a mais associada a ocorrência de eventos adversos. 

 Mensagens finais  

A terapia farmacológica da gastroparesia é limitada, necessitando de mais ensaios clínicos para maiores esclarecimentos quanto à eficácia e segurança das drogas disponíveis.  

Sabe-se que antagonistas dopaminérgicos e antagonistas da neurocinina-1 são classes de drogas eficazes no tratamento da gastroparesia. No Brasil, as drogas disponíveis mais utilizadas são metoclopramida, domperidona e prucaloprida. Devido ao perfil de segurança, a domperidona costuma ser a primeira a ser prescrita.