4 princípios para escapar de armadilhas diagnósticas
Já imaginou se, diante de uma entrevista médica, as respostas diagnósticas simplesmente surgissem na sua cabeça? Pois é exatamente isso que ocorre.
Tempo de leitura: [rt_reading_time] minutos.
Já imaginou se, diante de uma entrevista médica, as respostas diagnósticas simplesmente surgissem na sua cabeça? Pois é exatamente isso que ocorre. No artigo 3 armadilhas diagnósticas que talvez você não conheça foram discutidos esses processos cognitivos, chamados de heurísticas.
Sabe-se que funcionam como atalhos para o raciocínio clínico. Ficou evidente que, quando bem fundamentados, esses nos tornam mais práticos e rápidos na formulação de hipóteses. Entretanto, as heurísticas também podem nos induzir a erros e conclusões simplistas, que não contemplam o diagnóstico correto.
Saiba quais são os quatro princípios básicos da lógica para escapar das armadilhas e pedras no meio do caminho:
- Princípio da evidência: não admitir algo como verdadeiro se não houver evidências suficientes para considerar como tal.
- Princípio da análise: dividir os problemas em tantas partes quanto forem possíveis para que possam ser melhor resolvidos.
- Princípio da síntese: estabelecer uma ordem de relação entre os pensamentos, solucionando primeiro as questões mais simples e depois as mais complexas.
- Princípio de controle: fazer constantes revisões de todo processo para se ter certeza de que nada foi omitido.
LEIA MAIS: Night shift – um jogo virtual para aniquilar erros diagnósticos?
Em outras palavras…
1) REJEITE diagnósticos prontos: é preciso construir seu próprio raciocínio. É mais do que comum apenas aceitarmos o pacote que o paciente traz de remédios, exames, laudos e principalmente diagnósticos prévios. O exercício de compreender em que circunstâncias foi amarrado tal pacote é indispensável, questionando sua acurácia.
2) FORMULE uma lista de problemas: é preciso elaborar listas de problemas antigos e atuais. Usadas em grande parte dos serviços médicos, as listas devem ser dinâmicas, frequentemente atualizadas, refletindo a evolução de cada caso. Auxiliam especialmente na Heurística da Disponibilidade, aventando-se diferentes problemas/diagnósticos diferenciais.
3) ORGANIZE os ítens das listas: a lista precisa fazer sentido para quem a confeccionou. Pode ser agrupando sinais, sintomas e síndromes de acordo com suas complexidades (do mais simples para o mais elaborado, por ex.), de acordo com os sistemas envolvidos ou até mesmo com a cronologia. Simplesmente tem de haver sentido agregado ao processo de raciocínio.
4) REVISITE a história clínica: essa estratégia é como uma pedra angular do método clínico. Simples e básica, auxilia na organização, e frequentemente coloca o entrevistador diante de diferentes óticas, não percebidas anteriormente. Permite que julguemos novamente os dados, sendo útil contra todos os tipos de heurísticas.
É médico e também quer ser colunista do Portal da PEBMED? Inscreva-se aqui!
Referências:
- BASTOS, R. O Método Clínico. Editora Bartlebee. 2013.
- MACEDO, MAS.; OLIVEIRA, MA.; ALYRIO, DR.; ANDRADE, ROB.Heurísticas e vieses de decisão: a racionalidade limitada no processo decisório. Organizational Behavior and Human Resources Management Paper Sessions.
- VICKREY, BG.; SAMUELS, MA.; ROPPER, AH. How neurologists think: a cognitive psychology perspective on missed diagnoses. Annals of Neurology. DOI: 10.1002/ana.21907. Posted online on April, 2010.
Como você avalia este conteúdo?
Sua opinião ajudará outros médicos a encontrar conteúdos mais relevantes.