Apesar da extensa pesquisa acerca de creatina, a evidência do seu uso entre mulheres ainda é pouco estudada. Mulheres possuem 70% a 80% menores estoques de creatina endógena que homens. Curiosamente, as mulheres têm níveis mais altos (aproximadamente 10%) de concentrações de creatina intramuscular em repouso comparado aos homens, o que poderia teoricamente diminuir sua capacidade de resposta à suplementação e requer dosagens mais altas em comparação com os homens.
Entender o metabolismo da creatina nas fases do ciclo reprodutivo feminino pode ter implicações importantes na suplementação de creatina para no desempenho e na saúde das mulheres.
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Metodologia
Esse é um artigo de revisão publicado em 2021 na revista Nature com o objetivo de destacar o uso de creatina em mulheres ao longo da vida, com ênfase particular no desempenho, composição corporal, humor e estratégias de dosagem.
Devido às alterações hormonais relacionadas à cinética da creatina e na ressíntese da fosfocreatina, a suplementação pode ser particularmente importante durante a menstruação, gravidez, pós-parto, durante e após a menopausa.
Resultados encontrados e discussão
A suplementação de creatina entre mulheres na pré-menopausa parece
ser eficaz para melhorar a força e o desempenho no exercício. O catabolismo e a oxidação de proteínas estão mais elevados durante a fase com níveis mais altos de estrogênio (lútea); enquanto o armazenamento de carboidratos demonstrou ser reduzido durante a fase lútea. Dado o aumento do turnover de proteínas e os desafios com saturação de glicogênio, a suplementação de creatina pode ser ainda mais eficaz na fase com maiores níveis de estrogênio/lútea.
Até o momento, há evidências em modelos animais de que a suplementação de creatina durante a gravidez aumenta a captação de creatina pelas células neuronais e melhora a integridade mitocondrial na prole, reduzindo assim a lesão cerebral induzida pela asfixia intra-asfixia.
Mulheres na pós-menopausa também podem ter benefícios no tamanho e função do músculo esquelético ao consumir altas doses de creatina (0,3 g/kg de peso/dia); e efeitos favoráveis sobre os ossos quando combinados com treinamento de resistência. Estudos sugerem, ainda, que mulheres com diferentes níveis de condicionamento físico podem experimentar melhorias no desempenho tanto anaeróbico quanto aeróbico com a suplementação de creatina em curto ou em longo prazo.
Evidências pré-clínicas e clínicas indicam efeitos positivos da suplementação de creatina no humor e cognição, possivelmente por restaurar níveis de energia e homeostase cerebral.
Conclusão
Como resultado das alterações na homeostase da creatina ao longo do ciclo de vida, particularmente relacionado ao estrogênio, a suplementação de creatina parece fornecer benefícios potenciais para as mulheres. O uso de creatina tem demonstrado consistentemente melhorias nos músculos e nos níveis de fosfocreatina cerebral, que demonstraram resultar em melhorias na força e no capacidade para exercício. Quando combinada com treinamento de resistência, a creatina aumenta ainda mais a composição corporal e a densidade mineral óssea, particularmente em mulheres na pós-menopausa. A suplementação com creatina também demonstrou melhorar o humor e a cognição.
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