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Endocrinologia25 abril 2023

Nova diretriz da SBD sobre manejo do DM no perioperatório

Em 2022, tivemos a publicação pela Endocrine Society do seu guideline para tratamento da hiperglicemia no ambiente hospitalar. Na publicação, os autores abordaram, de modo sucinto, alguns cuidados que…

Por Ícaro Sampaio

Em 2022, tivemos a publicação pela Endocrine Society do seu guideline para tratamento da hiperglicemia no ambiente hospitalar. Na publicação, os autores abordaram, de modo sucinto, alguns cuidados que devemos adotar no pré-operatório de pacientes portadores de Diabetes Mellitus: manter HbA1c abaixo de 8% e glicemias entre 100 e 180 mg/dL. Mas, até então, a última publicação da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) havia sido nas suas diretrizes 2019-2020, com um capítulo sobre o tema.

Neste mês de abril, houve uma atualização da Diretriz da SBD 2023, com a inclusão de um capítulo sobre rastreio e controle da hiperglicemia no perioperatório. Assim como a Endo Society, a SBD considera desejável um valor de HbA1c abaixo de 8% no pré-operatório em pacientes com DM prévio. Quando a HbA1c for superior a 8% ou inferior a 6% (em pacientes que estejam em uso de medicamentos que aumentem o risco de hipoglicemia – insulina ou secretagogos), convém considerar a possibilidade de postergar a cirurgia para avaliar o padrão glicêmico de forma mais detalhada e melhorar o esquema terapêutico.

Os autores também recomendam checar o valor da glicemia capilar no dia da cirurgia e se estiver acima de 250mg/dL, pode-se adiar a cirurgia eletiva até a glicemia ficar abaixo de 250mg/dL, o que pode ser realizado até em 4 horas antes do procedimento cirúrgico. Nesse caso, se o paciente em questão for portador de DM1, orienta-se também testar cetonemia.

No que se refere ao manejo da terapia hipoglicemiante no pré-operatório, a nova diretriz apresenta as seguintes recomendações:

  1. Sulfonilureias e glinidas: suspender 24 horas antes da cirurgia;
  2. Metformina: suspender apenas no dia da cirurgia, havendo a reintrodução após o procedimento (individualizando de acordo com a evolução clínica, na ausência de complicações cirúrgicas);
  3. Inibidores do SGLT2: suspender 3 a 4 dias antes de cirurgias de grande porte ou de procedimentos invasivos planejados, para redução do risco de cetoacidose diabética euglicêmica. Mas o que fazer naqueles pacientes que necessitaram de procedimentos cirúrgicos de emergência e estavam em uso de iSGLT2? Nesses casos, deve-se suspender o uso imediatamente e acompanhar preferencialmente a cetonemia capilar diariamente, por 3 a 5 dias após o a cirurgia, ou enquanto o paciente permanecer em jejum oral.
  4. Análogos do GLP-1 e Tirzepatida: considerar a suspensão previamente a procedimentos que envolvam sedação anestésica ou anestesia geral devido ao risco potencial de aspiração gástrica. Considerando as meias-vidas dos medicamentos e o conceito de suspender com 3 meias-vidas de antecedência, os intervalos sugeridos para suspensão seriam:
    • Lixisenatida: 1 dia;
    • Liraglutida: 2 dias;
    • Dulaglutida: 15 dias;
    • Tirzepatida: 15 dias;
    • Semaglutida (oral e subcutânea): 21 dias;
  5. Inibidores da DPP4: devem ser mantidos nos pacientes que já venham utilizando, independentemente de ser ambulatorial ou permaneçam internados, desde que observados os ajustes para função renal;
  6. Pioglitazona: pode ser mantida se cirurgia não cardíaca;
  7. Insulina basal de ação longa ou ultralonga: manutenção da dose convencional de insulina basal de longa ação na véspera da cirurgia, com a redução de 20-30% da dose a partir da noite anterior até o final do período de jejum. Para degludeca e glargina U300, esta redução deve acontecer com 72 horas de antecedência. A diretriz chama a atenção para os casos que vemos frequentemente de pacientes com uso de altas doses de insulina basal (mais de 60% da dose total de insulina ou acima de 0,6UI/kg/dia), nos quais a redução deve ser maior, em torno de 50%;
  8. Insulina NPH: manter a dose convencional na noite anterior à cirurgia, com redução da dose habitual em 50% na manhã do procedimento;
  9. Insulinas prandiais: suspender as doses prandiais fixas de insulina de ação curta, no período de jejum, mantendo-as apenas para correção de eventuais hiperglicemias.

Referência:

Emerson Cestari Marino, Leandra Negretto, Rogerio Silicani Ribeiro, Denise Momesso, Alina Coutinho Rodrigues Feitosa. Rastreio e Controle da Hiperglicemia no Perioperatório. Diretriz Oficial da Sociedade Brasileira de Diabetes (2023). DOI: , ISBN: 978-65-5941-622-6 .

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