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Endocrinologia22 janeiro 2025

Guideline de insuficiência ovariana prematura

Novo guideline sobre insuficiência ovariana prematura (IOP) focou no diagnóstico e manejo dessa condição

Foi publicado um novo guideline sobre insuficiência ovariana prematura (IOP) com foco no diagnóstico e manejo dessa condição sendo baseado nas principais evidências científicas recentes da literatura até o momento. 

Para a formulação do guideline, foram recolhidos dados das principais referências científicas do assunto e então as recomendações foram elaboradas. O objetivo é ajudar profissionais de saúde a ter um melhor cuidado com as mulheres com IOP. 

insuficiência ovariana

Principais recomendações 

A IOP é uma condição clínica caracterizada por perda da função ovariana antes dos 40 anos de idade, sendo representada pela irregularidade de ciclos menstruais ou amenorréia e alterações bioquímicas compatíveis. Trata-se de um transtorno desafiador na vida da mulher, afetando 1% da população global e com impacto na saúde física e mental femininas. As principais consequências da doença afetam a qualidade de vida, fertilidade, saúde óssea, cardiovascular e cognitiva. 

Os sintomas são decorrentes da deficiência de estrogênio e os critérios diagnósticos são: amenorréia ou irregularidade menstrual por, pelo menos, quatro meses e FSH elevado (≥25UI/L). Em caso de dúvida diagnóstica, repetir o FSH em quatro a seis semanas. A dosagem do hormônio anti-mülleriano (HAM) não deve ser feita de rotina, mas pode ser uma ferramenta útil quando os resultados de FSH forem inconclusivos. 

Ao se investigar a etiologia da IOP, caso seja diagnosticada a síndrome do X frágil ou outra causa genética, recomenda-se rastreio e aconselhamento genético dos familiares da paciente. 

Em casos de necessidade de indução da puberdade, recomenda-se estradiol em baixas doses a partir de 11 anos, com aumento gradual no decorrer de dois a três anos. 

É importante saber que a IOP sem o tratamento adequado cursa com redução da expectativa de vida devido ao aumento do risco cardiovascular. A terapia de reposição hormonal (TRH) é a primeira linha de tratamento se a paciente não tiver contraindicações mesmo que não apresente sintomas de deficiência estrogênica. Além disso, também se recomenda adoção de estilo de vida saudável com prática regular de atividade física, manutenção de peso corporal adequado e cessação do tabagismo. 

Leia mais: Como avaliar a mulher com insuficiência ovariana prematura

As pacientes devem ser informadas sobre a baixa chance de concepção natural e receber a devida orientação em caso de desejo de gestação. 

Em relação à saúde óssea, as mulheres com IOP apresentam risco maior de desenvolver osteoporose. Além de mudanças de estilo de vida, devem ser encorajadas a realizar suplementação de cálcio e vitamina D. A TRH auxilia na manutenção da massa mineral óssea e os bifosfonatos quando indicados devem ser prescritos por médico especializado na área. O acompanhamento com densitometria óssea (DMO) deve ser feito a cada 1-3 anos para aquelas em tratamento e cada 5 anos para aquelas que não precisam de tratamento ou com DMO normal. 

A adoção de estilo de vida saudável com prática regular de atividade física, principalmente de resistência, deve ser encorajada para manutenção de massa muscular, visto que as mulheres com IOP apresentam risco aumentado de sarcopenia. 

A TRH envolve terapia com estrogênio e progesterona (apenas para as mulheres com útero intacto), ficando a testosterona reservada para casos de Transtorno do Desejo Sexual Hipoativo. A TRH deve ser recomendada para mulheres com IOP sem contraindicações até a idade usual de entrada na menopausa como forma de tratamento e redução de morbi-mortalidade, mesmo que sem sintomas de deficiência estrogência. 

A decisão de continuar ou não o tratamento é feito de maneira individualizada, bem como as vias de tratamento. Importante ressaltar que as pacientes devem ser orientadas a manter acompanhamento médico regular nesse período. 

Conclusão e mensagem prática 

Em suma, o novo guideline contou com novas evidências científicas no que tange a IOP, com intuito de auxiliar os profissionais de saúde desde o diagnóstico até o tratamento dessa condição tão desafiadora na prática clínica. 

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Referências bibliográficas

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