O aumento da incidência de sobrepeso e obesidade, particularmente em adultos jovens, traz um alerta para esse grande problema de saúde global no que concerne aos riscos para a saúde. Já é de grande conhecimento público que a atividade física é uma das principais formas de prevenção e tratamento dessas condições.
Baseado na relevância do tema, recentemente foi publicado um artigo que visou comparar e treinamento intervalado de alta intensidade (HIIT) combinado com treinamento de resistência sozinho (RT) versus HIIT sozinho na aptidão cardiorrespiratória de mulheres jovens com sobrepeso e obesidade.
Introdução
O aumento do índice de massa corporal (IMC) e de circunferência abdominal são marcadores cruciais do aumento de risco de doenças cardiovasculares tais como: hipertensão, diabetes, dislipidemia, desordens músculo-esqueléticas e câncer.
A prática regular de atividade física é uma das estratégias mais eficazes na prevenção e no manejo de sobrepeso/obesidade.
O treinamento intervalado de alta intensidade (HIIT) é caracterizado por breves períodos de atividade aeróbica de elevada intensidade associados a períodos de descanso ou recuperação de baixa intensidade, sendo uma boa modalidade terapêutica.
Já o exercício de resistência (RT) é reconhecido pela Academia americana de esportes como uma modalidade viável e amplamente utilizada no tratamento de obesidade com impacto positivo na saúde metabólica.
O objetivo do presente estudo foi comparar os efeitos do HIIT combinado com RT versus HIIT sozinho na composição corporal, aptidão cardiorrespiratória e metabolismo glicolipídico em mulheres jovens com sobrepeso e obesidade.
Metodologia
Tratou-se de um ensaio clínico randomizado conduzido no centro de Exercícios da Universidade Normal de Guangxi. Foram recrutados 40 voluntários com sobrepeso ou obesidade que foram alocados em dois grupos: experimental (HIIT + RT) x controle (HIIT sozinho).
Os critérios de inclusão foram: sexo feminino, idade entre 18 e 25 anos, IMC ≥ 24 kg/m2, prática irregular de atividade física e vontade de participar do estudo. Já os critérios de exclusão foram: uso de anti-hipertensivos ou medicações para controle lipídico, mudança de peso corporal superior a 4kg no período de 3 meses antes do estudo e qualquer doença pulmonar, cardíaca, muscular ou neurológica que inviabilizasse a realização da intervenção estudada.
Ambos os grupos foram submetidos a treinos três vezes por semana com duração de 50 minutos por 8 semanas sob supervisão de educador físico. Composição corporal e aptidão cardiorrespiratória foram avaliadas antes e depois do estudo por um mesmo profissional.
Resultados
Ambos os grupos apresentaram melhora significativa no peso corporal, no índice de massa corporal (IMC), na massa de gordura, na circunferência abdominal (CA), na relação cintura-quadril (RCQ), no pico de consumo de oxigênio (pico de VO2), na capacidade pulmonar vital (CPV), na saturação de O2, na pulsação de oxigênio (VO2/HR), na frequência cardíaca (FC) em repouso, na pressão arterial (PA), na glicemia de jejum, nos triglicerídeos e no colesterol de lipoproteína de alta densidade (HDL).
Além disso, o grupo experimental apresentou aumento de massa magra, redução na glicemia pós prandial de duas horas e melhora dos parâmetros de CPV, pico de VO2 e VO2/HR.
Discussão
Apesar de ser um estudo inovador no que tange ao impacto do HIIT e RT em mulheres com sobrepeso e obesidade, ele apresentou algumas limitações.
O estudo não foi capaz de analisar os efeitos a longo prazo das modalidades de atividade física devido ao curto período de duração de 8 semanas. Além disso, a população estudada foi apenas de público jovem feminino, o que dificulta aplicar os achados para outras populações.
Por fim, o estudo não teve controle sobre a dieta dos participantes, o que pode ter inferido em alguns resultados.
Conclusão
Em suma, após oito semanas, ambos os regimes demonstraram melhora importante na composição corporal, na aptidão cardiorrespiratória e no metabolismo glicolipídico de mulheres jovens com sobrepeso e obesidade. No entanto, o regime combinado de HIIT com RT aparentou oferecer mais benefícios do que o HIIT sozinho.
É importante que mais estudos sejam realizados no sentido de entender os efeitos a longo prazo de ambas as modalidades de exercícios nas mais diversas populações.
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