Dia 4 de março é comemorado o Dia Mundial da Obesidade. A data, que era comemorada no segundo semestre, foi recentemente alterada pela Federação Mundial de Obesidade. Por isso, vamos trazer ao longo do dia e do mês algumas matérias e podcasts importantes sobre o assunto!
Obesidade na gravidez
A obesidade acomete uma a cada duas gestantes nos Estados Unidos. Um dado alarmante onde mais de 50% estão com sobrepeso ou obesas e 8% das mulheres em idade reprodutiva estão obesas.
Num intervalo de 10 anos (2005- 2015) a obesidade feminina cresceu 5,1%, enquanto que no mesmo período a taxa foi de apenas 1,7%.
Apesar da perda de peso não ser indicada durante a gravidez (“gestante não deve fazer dieta”), 8% das mulheres americanas tentam algum tipo de controle de peso durante seus pré-natais. Novos conceitos deverão ser incorporados às orientações pré-concepcionais: perda de peso ou controle metabólico, cirurgia bariátrica, se indicado, e restrição de ganho de peso gestacional, pelos motivos que veremos a seguir.
Veja mais: Obesidade ultrapassa tabagismo como principal causa de câncer
Complicações maternas e fetais da obesidade na gravidez
A obesidade acomete 25% das gestantes e esse número não para de subir. É um problema de saúde pública difícil uma vez que a mulher obesa não planeja sua gravidez e acaba engravidando acima do peso.
As complicações associadas ao ganho de peso excessivo tem repercussões durante a gravidez, parto e pós-parto. Uma vez que um número significativo dessas permanece obesa.
- Uso de serviços de saúde em maior frequência.
- Manutenção de excesso de peso em gestações subsequentes.
- Maior tempo de permanência hospitalar.
- Abortos recorrentes e perdas fetais.
- Dificuldade técnica para pesquisa de anomalias fetais em USG de screening.
- Mal formações de tubo neural e cardíacas congênitas.
- Infecção de parede abdominal.
- Complicações tromboembólicas e anestésicas.
- Depressão.
- Dificuldades aleitamento materno.
Obesidade durante a gravidez: preocupações emergentes
Obesidade materna associa-se a alterações imunológicas e processo inflamatório sistêmico, aumentando a disponibilidade de glicose e o número de adipócitos. Na placenta a menor atividade da taurina transferase reduz a disponibilidade de taurina ao feto, aumenta o estresse oxidativo placentário (hipertensão arterial?) e estresse inflamatório.
Na evolução da gravidez, fetos de mães obesas apresentam:
- Macrossomia fetal;
- Grandes para idade gestacional;
- Traumatismos de parto.
Durante o aleitamento, o sobrepeso materno mostra excesso de ácidos graxos com prejuízo para o desenvolvimento visual e neurológico fetal. Altas concentrações de leptina no leite materno aumentam a chance de desenvolvimento de obesidade infantil.
Filhos cujas mães são obesas têm mais complicações psicológicas:
- Sintomas emocionais;
- Dificuldades psicossociais;
- Diagnósticos de déficit de atenção e hiperatividade;
- Autismo;
- Atraso desenvolvimento neurológico;
- Necessitam de apoio fonoaudiólogo.
Leia também: Obesidade materna pode estar ligada à distúrbios como o TDAH em crianças?
Em sua evolução essas crianças mostram com mais frequência:
- Obesidade;
- Doenças renais crônicas;
- Asma;
- Câncer;
- Anomalias congênitas;
- Alterações de crescimento e desenvolvimento;
- Alterações no transporte e armazenamento de lipídios.
A obesidade materna exclusiva pode ser um fator mais significativo que o diabetes materno para perpetuar a epidemia de obesidade, transmitida por gerações.
A avaliação nutricional pré-concepcional e as mudanças de estilo de vida devem ser priorizadas para que possamos interromper esse ciclo vicioso patológico que pode sacrificar gerações.
Referências bibliográficas:
- Davis, A. M. (2020). Collateral Damage. Obstetrical & Gynecological Survey, 75(1), 39–49. doi:10.1097/ogx.0000000000000734
Como você avalia este conteúdo?
Sua opinião ajudará outros médicos a encontrar conteúdos mais relevantes.