O interesse da comunidade científica vem aumentando nos últimos anos sobre a correlação entre os níveis de colesterol LDL e o desenvolvimento de diabetes tipo 2. Este interesse surgiu a partir de resultados de estudos que demonstraram que a terapia com estatina aumentaria, de maneira moderada, o risco do diabetes.
A investigação entre a associação do LDL e o risco tanto para diabetes quanto para doença arterial coronariana (DAC), baseou-se em um estudo com randomização Mendeliana (RM), o qual utilizou variantes genéticas como intermediários para consequências de exposições ambientais.
Estudos randomizados e controlados são o padrão ouro para pesquisas clínicas, porém estudos de RM poderiam remover a causalidade reversa e confusão de estudos observacionais e o peso para fatores de risco ao longo da vida.
Analisando a associação com DAC os pesquisadores descobriram, o que já tratava-se de hipótese forte, que o altos índices de LDL estão associados ao aumento do risco de DAC (a cada 1 desvio padrão (DP) aumenta-se o OR:1.68). Este risco também foi associado ao aumento de triglicerídeos, onde o OR por 1 DP foi de 1.28.
Mais sobre diabetes:
– Pesquisadores associam diabetes a mais um risco; saiba qual
– Um novo horizonte para o tratamento do diabetes e o risco cardiovascular
– Diabetes Tipo 2: Os 13 Princípios do Tratamento
O resultado surpreende veio associado ao risco de diabetes. A análise do três tipos de lipídios, LDL, HDL e triglicerídeos, apontou que a elevação dos mesmos está associada a um menor risco de diabetes tipo 2. A cada desvio padrão do LDL e HDL , o OR para diabetes foi de 0.79 e 0.83, respectivamente. Com resultados inconsistentes para triglicerídeos.
Além dos dados apresentados, ainda não podemos assumir que o uso de terapia farmacológica para redução de colesterol estaria diretamente associado ao risco de diabetes. O controle dos níveis de colesterol já comprovou em diversos estudos os benefícios relacionados a prevenção de DAC e outras doenças arteriais.
Existem porém uma luz amarela para esta análise, e que nos faz perceber a relação entre o uso de medicamentos, muitas vezes dogmatizados, para tratamento de algumas doenças e suas consequências para o desenvolvimento de outras. São necessários outros estudos controlados e randomizados, para determinar a relação apresentada com cada tipo de lipídio e cada classe de medicamento anti-lipemiante.
Referências:
- White J et al. Association of lipid fractions with risks for coronary artery disease and diabetes. JAMA Cardiol 2016 Aug 3;
Como você avalia este conteúdo?
Sua opinião ajudará outros médicos a encontrar conteúdos mais relevantes.