O câncer é uma das principais causas de mortalidade no mundo. A otimização do estado nutricional, incluindo uma maior ingestão de proteínas, é essencial para prevenir e minimizar efeitos negativos da doença, como a perda muscular. A nutrição adequada é fundamental para o sucesso do tratamento do câncer, pois pode reduzir sintomas, melhorar a saúde, a qualidade de vida e a sobrevivência dos pacientes.
Muitas pessoas com câncer fazem mudanças na dieta por conta própria, como reduzir ou eliminar alimentos de origem animal (carne e laticínios), na tentativa de curar a doença ou aliviar seus sintomas. Mas dietas exclusivamente veganas ou predominantemente vegetarianas podem ser preocupantes principalmente pela importância da proteína animal da saúde muscular.
Metodologia
Este é um artigo de opinião de especialistas publicado na Clinical Nutrition em 2022 que apresenta uma revisão sobre o impacto das fontes proteína (animal e vegetal) no anabolismo muscular em pacientes com câncer e sugere proporção de ingestão. A fonte de proteína é um tema de interesse para pacientes e profissionais da saúde, sendo reconhecidos e abordados equívocos envolvendo proteínas de origem animal (carne bovina, suína, frango, peixe, ovos, leite, queijo, etc.) e vegetal (por exemplo, leguminosas) no contexto do câncer.
A proteínas da dieta possuem um perfil de aminoácidos variado sendo que as proteínas animais oferecem um maior estímulo anabólico quando comparada a alternativas vegetais (a exceção seria a proteína isolada de soja). Essas últimas sendo menos digeríveis que as primeiras. Adicionalmente, a presença de fatores antinutricionais (como inibidores de tripsina, taninos, fitatos) podem impactar negativamente a digestibilidade e a disponibilidade dos aminoácidos nas proteínas vegetais cuja estrutura as torna também resistentes a proteólise no TGI, o que pode ser preocupante em pacientes com câncer gastrointestinal.
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Resultados encontrados e discussão
Embora a composição dietética ideal de aminoácidos para a saúde muscular em pacientes com câncer ainda não esteja estabelecida, as proteínas de origem animal possuem uma composição que oferece um potencial anabólico superior em comparação com as proteínas de origem vegetal. Assim, os alimentos de origem animal devem representar a maior parte (cerca de 65%) da ingestão proteica durante o tratamento ativo do câncer.
Uma dieta rica em proteínas de origem vegetal pode ter efeito o anabolismo muscular no câncer, mas exige uma maior quantidade de proteína para atingir a ingestão ideal de aminoácidos.
Conclusão e mensagem prática
O grupo alerta contra a adoção de uma dieta exclusivamente baseada em vegetais (vegana) após o diagnóstico de câncer, devido ao aumento das necessidades proteicas e ao risco de ingestão inadequada de proteínas para sustentar o anabolismo muscular. Uma composição dietética de aminoácidos que promova esse anabolismo é obtida de forma ideal por meio da combinação de fontes de proteínas de origem animal e vegetal.
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