Nesta semana, publicamos um estudo sobre o melhor hidratante para dermatite atópica em crianças. Por isso, em nossa publicação semanal de conteúdos compartilhados do Whitebook Clinical Decision, vamos abordar a apresentação clínica e diagnóstica da condição na infância.
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Dermatite atópica em crianças
Definição: Dermatite atópica (DA), também chamada de eczema atópico, é uma dermatose inflamatória, pruriginosa, eczematosa e de curso crônico e recidivante. A etiologia é multifatorial, cursando com pele seca e lesões cutâneas de morfologia e distribuição típicas.
Apresentação clínica
O principal sintoma é o prurido e o principal sinal é o eczema, que é caracterizado por lesões cutâneas inflamatórias como eritema, pápula, seropápula, vesícula,
escama, crosta e liquenificação. A xerose (pele ressecada) também é uma característica constante da DA.O paciente pode apresentar lesões em três fases:
- Fase aguda: Prurido paroxístico intenso, com lesões eritematopapulares e vesículas com exsudato seroso associadas às escoriações;
- Fase subaguda: Além das escoriações, há pápulas em menor quantidade, com algumas vesículas rompidas e formação de crostas. O prurido é variável;
- Fase crônica: A pele está mais espessa com marcada liquenificação e pápulas fibrosadas. O prurido é ocasional, sendo exacerbado quando há agudização das lesões.
Observação: Em determinadas situações, o paciente pode apresentar as três fases simultaneamente.
Em relação à distribuição das lesões, pode ser classificada de acordo com a idade do paciente:
- Forma lactente (2 meses até < 2 anos): Predomina o eczema (face, cabeça e pescoço). Inicia-se nas bochechas, podendo afetar o restante do rosto, mas respeitando o triângulo nasolabial. Começa com eritema, acompanhado ou não de microvesículas, exsudação, crostas hemáticas ou amareladas e descamação. Outras áreas comprometidas: superfícies extensoras das extremidades (dorso das mãos e pés) e tronco (respeita área das fraldas). Infecção secundária é comum;
- Fase infantil (2 até 12 anos): Pode tanto ser uma continuação da fase do lactente como pode iniciar-se nesta fase da vida. Há manifestações agudas e subagudas, inclusive liquenificação, conforme tempo de atividade da doença. Geralmente manifesta-se como eczema flexural, com lesões em pregas dos cotovelos e joelhos, mas também na nuca, punhos e tornozelos. É menos frequente acometer o rosto;
- Forma adolescente e/ou adulto: A clínica é semelhante à da fase infantil, mas a liquenificação é mais frequente. É possível observar lesões crônicas com períodos de manifestações agudas e subagudas. Geralmente manifesta-se como eczema flexural, afetando pregas de flexão das extremidades, rosto, com destaque para pálpebras e região perioral, couro cabeludo e pescoço. Pode haver eczema nas mãos.
As variantes clínicas são denominadas formas atípicas da dermatite atópica:
Localização | Morfologia |
Dermatite em pálpebras | Eczema folicular |
Fissura intra ou retroauricular, infranasal | Eczema numular |
Dermatite palmoplantar | Desidrose |
Queilite, dermatite perioral | Dermatite atópica invertida |
Dermatite / eczema em mamilo | Variante pápulo-nodular |
Em qualquer fase, os casos graves podem chegar à eritrodermia.
Pode ser classificada em leve, moderada ou grave de acordo com diferentes parâmetros (intensidade e/ou extensão das lesões, repercussão na qualidade de vida do paciente, presença ou não de complicadores, avaliação do médico, entre outras).
Complicações: Infecções (bacterianas, virais, micóticas), eritrodermia esfoliativa, catarata capsular anterior, ceratocone, comprometimento do crescimento e do desenvolvimento psicossocial.
Abordagem diagnóstica
O diagnóstico é basicamente clínico, corroborado por uma história pessoal ou familiar de atopia.
Fatores desencadeantes:
- Agentes infecciosos (ex.: Staphylococcus aureus);
- Fungos (ex.: fungos do gênero Malassezia);
- Alérgenos alimentares;
- Aeroalérgenos;
- Autoantígenos;
- Fatores neuropsicoimunológicos.
Fatores ambientais:
- Na história gestacional: estresse materno e exposição ao fumo;
- Irritantes cutâneos que causam prurido presentes em sabões e detergentes: hidróxido de sódio e lauril sulfato de sódio;
- Fatores protetores: locais com baixa umidade e maior radiação ultravioleta;
- Fatores relacionados a maior prevalência de DA: tabagismo ativo e passivo, dieta pobre em peixes, frutas, vegetais e azeite;
- Controversos como protetores: aleitamento materno, probióticos, prebióticos, poluentes atmosféricos e intradomiciliares.
Eosinofilia e aumento de IgE: O diagnóstico pode ser reforçado pela presença de eosinofilia e aumento de IgE circulante, mas 20% não têm alteração nos níveis de IgE.
Teste de puntura (prick test): O testo de puntura a aeroalérgenos e a alérgenos alimentares pode ser utilizado para determinar o envolvimento destes agentes no desencadeamento dos sintomas relatados pelo paciente.
Teste de contato alérgico: Os testes de contato para atopia (APT – atopic patch tests) são usados para a identificação de alérgenos provocadores de lesões eczematosas em pacientes com DA.
Teste de provocação alimentar: A provocação alimentar (duplo-cego, placebo controlado) representa o padrão ouro no diagnóstico de alergia alimentar em crianças com DA.
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