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Dermatologia5 maio 2025

Melanoníquia: Abordagem diagnóstica e manejo 

Neste artigo trataremos da melanoníquia, manchas de pigmentação marrom a preta, em faixa que surgem nas unhas.

A melanoníquia consiste em uma pigmentação marrom a preta, em faixa, na lâmina ungueal. Alguns autores consideram que toda melanoníquia é decorrente de depósito de melanina, já outros também incluem nesta condição, as pigmentações causadas por lesões não melanocíticas, como hematoma subungueal e onicomicose. 

Melanoníquia: diagnóstico 

Diversas são as etiologias dessa condição, que podem ser relacionadas à ativação melanocítica (como a de origem constitucional) e à proliferação melanocítica (como nos nevos e melanoma). O diagnóstico etiológico precoce desse achado é muito relevante, pois uma de suas causas é uma neoplasia maligna rara, porém agressiva. Desse modo, a anamnese, exame clínico, dermatoscopia e, quando necessário, análise histopatológica, integram a avaliação e manejo correto. 

As melanoníquias podem ser classificas como totais (que afetam toda a lâmina ungueal) ou longitudinais (parte dela). Estas últimas, também denominadas estriadas, são mais prevalentes em afrodescendentes e asiáticos, e sua incidência é maior na faixa etária acima de 50 anos. Os 1º e 2º quirodáctilos são os dígitos mais acometidos. 

Durante a avaliação da melanoníquia, aspectos como o tempo de evolução, número de unhas acometidas, regularidade da faixa pigmentada e na sua coloração, largura e o padrão evolutivo de crescimento devem ser considerados. A regra do ABCDEF da unha é um método que auxilia na avaliação das lesões ungueais e é útil na diferenciação de melanoníquias benignas e malignas. As seguintes características, se presentes, são suspeitas de malignidade:   

  • A. Age (idade) > 50 anos; afrodescendentes e asiáticos; 
  • B. Band (faixa): > 3 mm; Brown (marrom); Black (preta); 
  • C. Change (alteração): crescimento, alteração na morfologia da unha; 
  • D. Digit involved (dedo comprometido): único dígito – polegar ou hálux são os mais comuns;  
  • E. Extension (extensão): sinal de Hutchinson, que consiste na pigmentação periungueal; 
  • F. Family and personal history (história pessoal e familiar): síndrome do nevo displásico, antecedentes familiares ou pessoais de melanoma. 

Além disso, a dermatoscopia da lâmina ungueal consiste em uma etapa crucial na análise das melanoníquias em que são descritos padrões para as lesões melanocíticas, tais como:  

  • Linhas longitudinais homogêneas e paralelas, regulares em seus espaços, espessura e coloração, de coloração cinza são sugestivas de origem racial e, as de coloração marrom, são sugestivas de nevo melanocítico ou lentigo; 
  • Linhas longitudinais com quebra do paralelismo, de coloração marrom a preta, irregulares em seus espaços, espessura e coloração, e sinal de micro-Hutchinson (que é a pigmentação marrom a preta da prega ungueal, vista na dermatoscopia) sugerem malignidade – melanoma; 

Quiz: Qual é essa alteração ungueal?

É importante ressaltar que embora essas alterações sejam consideradas suspeitas, as lesões benignas podem, ocasionalmente, mimetizar as lesões malignas, principalmente em crianças, faixa etária em que é extremamente raro o melanoma subungueal. Nos pacientes pediátricos, o acompanhamento clínico e dermatoscópico regular é recomendado e a biópsia é considerada para casos duvidosos ou a pedido dos responsáveis. 

Nos adultos, diante das alterações suspeitas, deve-se realizar biópsia excisional da matriz ungueal que é o padrão-ouro para o diagnóstico definitivo do melanoma ungueal. É importante informar ao paciente o risco de onicodistrofia permanente após a biópsia. Além disso, a comunicação entre o dermatologista e dermatopatologista é fundamental, com descrição detalhada das alterações clínicas, histórico do paciente e técnica de biópsia utilizada. E, em caso de confirmação diagnóstica do melanoma subungueal, o tratamento é predominantemente cirúrgico, seguido de estadiamento da lesão. 

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Referências bibliográficas

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