No congresso European Academy of Dermatology & Venereology (EADV 2024) tivemos um bloco sobre alopecia areata, onde a polonesa Lidia Rudnicka apresentou como conduzir a alopecia areata após a aprovação dos inibidores da JAK.
O tratamento da alopecia areata é guiado pela gravidade da doença. O principal escore usado para essa avaliação é o SALT que considera o percentual de perda de cabelo: SALT 100 se houver perda total do cabelo e SALT 0 se não houver perda alguma.
Terapia sistêmica é considerada quando SALT ≥ 50, mas a maioria já o considera com SALT ≥ 20, porque quanto maior o SALT, mais difícil é para tratar.
Onde entra os inibidores da JAK?
Rudnicka sugere que para a alopecia areata aguda a primeira linha de tratamento é o corticoide sistêmico. Na forma não aguda, o inibidor da JAK já desponta como uma primeira linha. O FDA já aprovou dois inibidores da JAK para o tratamento da alopecia areata: Ritlecitinibe (50 mg/dia para adultos e ≥ 12 anos) e Baricitinibe (4 mg/dia para adultos e 2 mg/dia se > 65 anos ou com risco cardiovascular). Os inibidores mostraram 50-64% de resposta significativa na alopecia areata.
Além disso, eles mostraram alta eficácia na doença mais recente e menor eficácia naqueles com alopecia total ou universal. Em estudo com o Ritlecitinibe, 18.3% dos pacientes com alopecia grave mostraram resposta precoce (SALT≤ 20 em 6 meses); 16.8%, resposta média (12 meses) e 10.5%, resposta tardia (24 meses). Esses números demonstram que ainda há pacientes em que a medicação pode não responder e, naqueles que respondem, esta pode ser demorar. Infelizmente não há previsão se irá ser eficaz ou não.
Entre os pacientes que respondem ao tratamento, 90-93% não recaem quando o tratamento é continuado, mostrando a importância de manter a terapia, ainda mais por ser a alopecia areata uma doença crônica. Se a medicação é suspensa, irá recair em algum momento.
Quando o inibidor da JAK não funciona pode-se trocar por outro inibidor da JAK ou, de forma off-label mas possível, associar o corticoide sistêmico.
E naqueles não responsivos, com contraindicação ou com acesso limitado a medicações mais caras?
Nesses pacientes a Ciclosporina é uma segunda linha. O Metotrexato é uma terceira linha, mas com resposta lenta (6-12 meses) e podendo induzir eflúvio telógeno inicialmente. Já a Azatioprina é uma quarta linha. Todos eles idealmente devem ser associados ao corticoide sistêmico e ao Minoxidil oral. Ciclosporina e Metotrexato, apesar de serem considerados como terapias padrão, são off-label no tratamento da alopecia areata.
Mensagem prática
Os inibidores da JAK mudaram a forma como a alopecia areata grave vem sendo tratada. Quanto ao Brasil, devemos considerar ainda a disponibilidade e o custo da medicação e aguardar pela atualização no consenso brasileiro de alopecia areata para nos ajudar a guiar o tratamento de forma prática no nosso contexto.
Confira os destaques do EADV 2024!
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