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Pneumologia16 setembro 2024

Queimadas e inalação de fumaça: o que você precisa saber para um bom atendimento

Entenda melhor quais os efeitos pneumológicos da inalação de fumaça advinda de queimadas ambientais e sua diferença para inalação de tóxicos.

As queimadas ocorrem por uma combinação de fatores de cunho natural e humano. Nessa época do ano, quando há o período de estiagem no Brasil, a incidência de incêndios em florestas é elevada, provocando diversas consequências de impacto não só no meio ambiente como também na saúde humana.  

A fumaça emitida nesses eventos é rica em poluentes como material particulado fino (PM2.5), compostos orgânicos voláteis (COV) e gases tóxicos (monóxido de carbono, ozônio e óxido nítrico), os quais em conjunto deterioram a qualidade do ar e prejudicam de sobremaneira a humanidade.

Problemas relacionados à inalação de fumaça

E quais são as consequências? 

Do ponto de vista respiratório, o impacto é imediato. Ar de baixa qualidade é responsável por exacerbar doenças crônicas como asma e doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC). Ademais, a inalação de grande quantidade de monóxido de carbono pode levar à cefaleia e à vertigem, prejudicando imediatamente quem é exposto. O tamanho da partícula inalada determina o local de depósito no sistema respiratório. As partículas de 5 a 30µm de diâmetro se deposita nas vias aéreas superiores, enquanto as de 1 a 5µm, permanecem nas vias aéreas proximais. As menores de 1µm são capazes de atingir os alvéolos. O depósito desses componentes leva à disfunção mucociliar e à inflamação crônica, o que favorece à infecção pulmonar recorrente. 

Além disso, a exposição prolongada contribui para o risco de câncer de pulmão. A exposição às partículas finas e gases tóxicos é tão impactante à nível pulmonar que, depois do 11 de setembro, foi criado o fundo James Zadroga nos Estados Unidos para auxiliar pessoas com sequelas de exposição à fumaça e outros detritos. James foi um policial novaiorquino que faleceu por complicações respiratórias derivadas da exposição às partículas e aos gases decorrentes do atentado.  

Impacto sistêmico cardiovascular, dermatológico e oftalmológico

As complicações na saúde não se restringem ao pulmão. Ao contrário, os efeitos são sistêmicos. Do ponto de vista cardiovascular, a inalação de fumaça em demasia leva ao risco aumentado de infarto, insuficiência cardíaca e pode provocar picos hipertensivos. Na pele, há dermatite e eczema, além de conjuntivite química. Não é incomum, nesse cenário, ocorrer também um aumento no número de infecções respiratórias e de gastroenterites, sendo especialmente danoso para os extremos de idade.  

De fato, existe uma relação de temporalidade e de grau de exposição. Ou seja, quanto maior o tempo exposto e maior a carga de poluentes, piores são as consequências para saúde e para a população. 

Medidas importantes para redução de danos

Para reduzir o impacto na saúde, algumas medidas podem ser realizadas:

  • Evitar ao máximo a exposição: ou seja, permanecer dentro de estabelecimentos e das residências;
  • Se possível, a utilização de filtro e ar-condicionado com recirculação reduzem a quantidade de partículas no ambiente interno. Nesse período, é fundamental reduzir as atividades externas, sendo importante que haja medidas governamentais para minimizar a circulação de pessoas e de veículos;
  • Se for inevitável a exposição, utilizar máscaras, como N95 e P100, que mitigam ao máximo a inalação de partículas finas. 

Viver é respirar e o ar que se respira é primordial para saúde de uma população. São urgentes medidas de saúde pública que enderecem ações para controle de poluição e que contenham ou minimizem as sequelas desse período tão nebuloso no Brasil, literalmente.  

Autoria

Foto de Bruna Provenzano

Bruna Provenzano

Medica formada pela UERJ em 2014. Residência de clínica médica pela UERJ de 2015 a 2017. Pós-graduação em terapia intensiva pelo ID'Or. Título de terapia intensiva pela AMIB. Pneumologista pela UERJ.

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