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Cirurgia5 dezembro 2025

Videolaparoscopia em hérnia inguinal gigante: com e sem fechamento do anel

Estudo compara TAPP com e sem fechamento do anel em hérnia inguinal gigante e mostra menor recidiva com fechamento. Leia a análise completa.

As hérnias inguinais são condições frequentes na prática clínica do cirurgião geral e acometem grande parte da população mundial. Com o advento e avanço da laparoscopia, hoje grande parte das hérnias inguinais, podem ser tratadas por via minimamente invasiva. São duas modalidades atuais de tratamento de hérnia inguinal videolaparoscópica: a TAPP (transabdominal pré-peritoneal) e TEP (totalmente extraperitoneal).  

A TAPP tem sido escolhida como técnica preferencial em casos de hérnias inguinais gigantes, uma vez que era evidenciado alargamento do anel herniário interno, facilitando deslocamento da tela e recidiva cirúrgica.  

Nesse sentido, foi feito então um estudo (ensaio clínico randomizado – ECR), com objetivo de avaliar o desfecho de pacientes submetidos a TAPP com e sem fechamento do anel herniário interno. 

fechamento do anel herniário

Métodos 

Trata-se de um ensaio clínico randomizado, no período de 2020 a 2023 na China, envolvendo 183 pacientes portadores de hérnia inguinal unilateral, com anel herniário interno alargado (classificação de Nyhus III), todos submetidos à técnica TAPP, sendo 93 pacientes submetidos ao fechamento de anel herniário interno concomitantemente (grupo experimental), e 90 pacientes sem o fechamento do orifício (grupo controle).  

Os pacientes foram randomizados utilizando uma plataforma online. O limiar de significância foi p = 0,05. Todas as análises estatísticas foram realizadas utilizando o SPSS. 

Resultados 

Após a comparação entre os dois grupos, foram obtidos os seguintes resultados: no grupo experimental, o tempo cirúrgico foi maior (48,25 minutos vs 42,23 minutos; p < 0,001) e não houve recorrência nos dois anos subsequentes da cirurgia (0 pacientes vs 3 pacientes; p = 0,038. Não houve diferença estatística no quesito idade, gênero, presença de comorbidades, IMC, sangramento intraoperatório, tempo de internação hospitalar ou complicações (seroma, edema escrotal, hematoma escrotal ou hidrocele), sendo todos p> 0,05.  

Discussão 

O tratamento das hérnias inguinais tem avançado cada vez mais, por avanços da videolaparoscopia, e aperfeiçoamento das técnicas utilizadas.  

A técnica TAPP tem sido a técnica preferencial para correção de hérnias inguinais volumosas, porém alguns estudos (Shenoy & Makam, 2024) têm mostrado recidiva na técnica de 0,4%. Alguns fatores foram observados que contribuíram para esta recidiva, tais como tela insuficiente para cobertura da área de dissecção e fixação inadequada.  

Outra metanálise e revisão feita por Burcharth et al. evidenciaram que tabagismo e correção de hérnia inguinal já recidivada contribuíram para um aumento da pressão intra-abdominal, favorecendo nova recidiva. 

Este estudo atual feito na China comparou dois grupos em que o grupo experimental se utilizava do fechamento do anel inguinal interno.  

Apesar de uma amostra pequena, os resultados foram positivos para o fechamento concomitante do anel inguinal interno, sem nenhuma recidiva nos dois anos de acompanhamento, interferindo apenas no tempo operatório aumentado em torno de dez minutos. Isso demonstra que novos estudos com maior amostra precisam ser realizados para determinar o benefício do fechamento do anel inguinal interno. 

Conclusão 

A técnica TAPP para correção de hérnia inguinal unilateral combinada o fechamento do anel inguinal interno é eficaz para reduzir recidiva de hérnia inguinal. 

Mensagem prática 

1 – A técnica TAPP associada ao fechamento do anel inguinal interno reduz a recidiva de hérnia inguinal. 

2 – O fechamento concomitante do anel inguinal interno aumenta o tempo cirúrgico, porém não impacta em complicações ou tempo de permanência hospitalar. 

Autoria

Foto de Rodolfo Kalil de Novaes Santos

Rodolfo Kalil de Novaes Santos

Graduado em Medicina pelo Instituto Metropolitano de Ensino Superior (IMES), em Ipatinga (MG), no ano de 2017. Residência Médica em Cirurgia Geral no ano de 2020 pela Santa Casa de Misericórdia de Belo Horizonte (MG) e Residência Médica em Cirurgia do Aparelho Digestivo no ano de 2024 pelo Hospital Governador Israel Pinheiro - IPSEMG. • Cirurgião geral  na Casa de Caridade Hospital São Paulo; Casa de Saúde Santa Lúcia e Prontocor. Docente da disciplina de anatomia II da Faculdade de Minas (FAMINAS) de Muriaé (MG).

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