Logotipo Afya
Anúncio
Cirurgia10 setembro 2025

Obstrução de ileostomia protetora pós-cirurgia colorretal

Obstrução de saída em ileostomia de proteção é frequente. Conheça prevalência e fatores de risco para otimizar o manejo cirúrgico.
Por Jader Ricco

Uma ostomia de proteção, como a ileostomia, é um recurso usado em cirurgias colorretais tanto para doenças malignas doenças benignas. O motivo para seu uso é a proteção da anastomose, reduzindo as chances de fístulas, o que aumenta consideravelmente a morbidade e mortalidade. 

No entanto, a ileostomia de proteção não é um recurso isento de complicações e, uma das mais frequentes e problemáticas é a obstrução da saída. Apesar da frequência, os estudos na área não são uniformes em relação à prevalência e aos fatores de riscos associados.  

Compreender a prevalência e identificar os fatores de risco associados à obstrução de ostomias são essenciais para obter melhores resultados dos pacientes e direcionar práticas cirúrgicas. 

 Veja também: Cirurgia colorretal: alta precoce seguindo critérios pré-definidos é segura?

cirurgia colorretal

Métodos 

Uma meta-análise avaliou 19 artigos com um total de 3.287 pacientes submetidos a cirurgia colorretal e ileostomia de proteção, tendo como desfecho primário a prevalência de obstrução de saída da ostomia e, como desfecho secundário, os fatores de risco associados a esse quadro obstrutivo.  

Resultados e discussão 

As doenças mais prevalentes identificadas na meta-análise foram câncer colorretal, doença inflamatória intestinal e polipose adenomatosa familiar. O diagnóstico das obstruções foi realizado por avaliação clínica, tomografia computadorizada (TC) e raio X. 

A prevalência de obstrução de saída na ileostomia encontrada na meta-análise foi de 14% (IC 95% = 11–18%). Entretanto, a heterogeneidade entre os 19 artigos foi representativa (I2 = 84,9%, p < 0,001). Avaliando-se a prevalência em subgrupos, foi encontrado prevalência de 20% (IC 95% = 17-24%, I² = 9,4%) em doenças benignas e 12% (IC 95% = 8-15%, I² = 86,3%) em doenças malignas. Estudos menores, com menos de 100 pacientes apresentaram prevalência maior (16%) do que estudos maiores, com 100 ou mais pacientes (13%). 

Uma seleção de 12 artigos classificados como de alta qualidade, revelou prevalência de obstrução de 13% (IC 95% = 10-16%), com discreta redução na heterogeneidade (I2 = 82,6%). 

Em relação ao desfecho secundário, o principal fator de risco encontrado foi a síndrome denominada como HOS (high output syndrome), que corresponde ao débito da estomia maior do que 1500ml em 24 horas (OR 4,23; IC 95% = 2,28–7,85, I2 = 0%). Maior espessura do músculo reto abdominal (OR 3,51; IC 95%: 2,27–5,41, I2 = 0%), e cirurgia laparoscópica (OR = 4,04; 95%IC, 1,62-10,04, I2 = 0%) também foram classificados como fatores de risco significativos. 

Outros fatores de risco identificados foram proctocolectomia total, ostomias maturadas no lado esquerdo, espessura da gordura subcutânea, idade < 60 anos e sexo feminino. 

Os resultados encontrados demonstram a importância do controle de fatores de risco como HOS, devido as consequências que podem trazer ao paciente como distúrbios hidroeletrolíticos e edema de alças intestinais. Portanto, medidas de controle de débito são cruciais. 

No que se refere a outros fatores de risco, a musculatura espessada do músculo reto associada ao lado inadequado (esquerdo) facilitam a compressão da ostomia e o seu fechamento. Em relação a laparoscopia, apesar dos benefícios associados a essa técnica, a maior taxa de obstrução nesses casos pode ser explicada pela inexperiência de cirurgiões com procedimento e ressalta a importância de treinamento cirúrgico adequado. 

Por outro lado, alguns fatores de risco encontrados como idade e sexo não podem ser modificados, mas a identificação desses fatores é importante para que possam ser tomadas medidas para mitigar a ocorrência das obstruções.  

Mensagem prática 

A obstrução de saída em ileostomia de proteção é uma complicação frequente desse tipo de ostomia e o conhecimento dos fatores de risco é essencial para o controle desses fatores, uma vez que permite medidas no planejamento cirúrgico direcionado, como lado correto da ostomia, treinamento adequado dos cirurgiões e pós-operatório direcionado como controle do débito da ostomia. 

Como você avalia este conteúdo?

Sua opinião ajudará outros médicos a encontrar conteúdos mais relevantes.

Compartilhar artigo

Referências bibliográficas

Newsletter

Aproveite o benefício de manter-se atualizado sem esforço.

Anúncio

Leia também em Cirurgia