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Cirurgia7 novembro 2025

Mentoria na proficiência e expertise em cirurgia pancreática robótica

Descubra como a mentoria acelera a curva de aprendizado e melhora os desfechos na cirurgia pancreática robótica.

A cirurgia robótica tem avançado cada vez mais na atualidade por suas vantagens de melhor ergonomia e precisão cirúrgica, recuperação mais rápida pós-operatória e acesso por via minimamente invasiva.  

A abordagem robótica especificamente em cirurgias pancreáticas tem sido um desafio e exige cada vez maior expertise e treinamento dos cirurgiões para executarem os procedimentos, tais como pancreatectomia distal e pancreatoduodenectomia, que são as duas cirurgias mais realizadas neste órgão.  

Mas será que existe um número mínimo de cirurgias pancreáticas necessárias para alcançar a proficiência nestas cirurgias?  

O objetivo de um artigo recentemente publicado foi fazer uma revisão e metanálise para avaliar a curva de aprendizado dos cirurgiões que iniciam o treinamento em cirurgia robótica pancreática e avaliar o uso da mentoria para capacitação e proficiência cirúrgica. 

cirurgia pancreática robótica

Métodos 

Trata-se de uma metanálise incluindo 25 estudos com um total de 2500 procedimentos cirúrgicos robóticos em pâncreas, sendo 1842 procedimentos de pancreatectomia distal e 658 procedimentos de pancreatoduodenectomia, sendo analisadas as curvas de aprendizados, auxílio de mentorias, tempo operatório e complicações cirúrgicas. A busca de dados foi feita no PubMed/MEDLINE, Embase, Cochrane CENTRAL, Web of Science, Scopus e em registros de ensaios clínicos até 2025.  

Resultados 

Após a análise estatística, foi demonstrado que os cirurgiões que estão em processo de treinamento sob mentoria atingiram a proficiência em pancreatectomia distal robótica após 20 a 30 casos realizados, com diminuição importante do tempo operatório de 253 para 182 minutos (redução de 28%) e da perda sanguínea estimada, de 302 para 151 mL. Houve ainda redução na taxa de complicações de 17,8% para 7,9% e redução nas taxas de fístulas de 14,6% para 6,8%. Já a proficiência em pancreatoduodenectomia robótica foi atingida após 40 a 60 casos realizados, com melhora no tempo operatório de 452 para 352 minutos e redução importante nas taxas de fístulas de 21,8% para 11,7%.  

O uso da mentoria contribuiu para um alcance da proficiência cirúrgica 30 a 40% mais rápida, com redução de taxa de complicações e menores conversões para cirurgia aberta. Obteve-se ainda um resultado de economia média de U$ 5.700,00 por procedimento acompanhado de mentoria. 

Discussão 

A cirurgia pancreática robótica é desafiadora na prática cirúrgica, sendo a pancreatectomia distal menos complexa em ser realizada, comparada à pancreatoduodenectomia. Fato é que para se atingir a proficiência, a pancreatectomia distal requer menor quantidade de casos realizados, acompanhados de mentoria, comparada à pancreatoduodenectomia robótica.  

A mentoria não só possibilitou uma aceleração da proficiência cirúrgica como também contribuiu para redução de taxas de complicações cirúrgicas e garantiu melhores desfechos dos procedimentos, demonstrando sua importância para a formação cirúrgica. Além disso, houve redução importante nos gastos do procedimento cirúrgico e custos hospitalares, reforçando ainda mais o benefício da mentoria. 

Porém, apesar dos benefícios claros da mentoria, não há ainda clareza de como deve ser a melhor forma para ser executada, e nem se há recursos financeiros para mantê-las, por exemplo, em instituições menores ou com tecnologias não tão avançadas. 

Conclusão 

A mentoria é uma ferramenta necessária e indispensável para a formação e capacitação do cirurgião em aperfeiçoamento, garantindo a proficiência de forma rápida e eficaz, contribuindo para melhores resultados cirúrgicos e desfechos para os pacientes. Apesar da eficácia, deve haver mais pesquisas e estudos para analisarem a viabilidade desta para aplicação no dia a dia. 

Mensagem prática 

1 – A mentoria possibilita uma melhor capacitação e acelera a proficiência de cirurgiões em aperfeiçoamento. 

2 – A mentoria reduz custos financeiros ao capacitar o cirurgião em aperfeiçoamento, pois ajuda melhorar os desfechos dos pacientes. 

Autoria

Foto de Rodolfo Kalil de Novaes Santos

Rodolfo Kalil de Novaes Santos

Graduado em Medicina pelo Instituto Metropolitano de Ensino Superior (IMES), em Ipatinga (MG), no ano de 2017. Residência Médica em Cirurgia Geral no ano de 2020 pela Santa Casa de Misericórdia de Belo Horizonte (MG) e Residência Médica em Cirurgia do Aparelho Digestivo no ano de 2024 pelo Hospital Governador Israel Pinheiro - IPSEMG. • Cirurgião geral  na Casa de Caridade Hospital São Paulo; Casa de Saúde Santa Lúcia e Prontocor. Docente da disciplina de anatomia II da Faculdade de Minas (FAMINAS) de Muriaé (MG).

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Referências bibliográficas

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