O uso dos smartphones se tornou amplamente difundido na população mundial. Com o avanço da tecnologia, aplicativos foram desenvolvidos com aplicações diversas. No âmbito da saúde não foi diferente. Atualmente existem vários aplicativos que são úteis nesse aspecto, com número estimado em 325.000 aplicativos de saúde.
Em se tratando de câncer e, mais especificamente, na recuperação de cirurgias oncológicas, os aplicativos de smartphones podem ser úteis na recuperação e melhora na qualidade da saúde. Entretanto, ainda existem limitações das informações sobre viabilidade e eficácia desses aplicativos.
Análise de ensaios clínicos na área
A falta de consenso na literatura sobre a eficácia dos aplicativos de smartphone aplicados especificamente à recuperação cirúrgica levou He M et al. a realizarem uma meta-análise de 15 ensaios clínicos randomizados, envolvendo 1831 pacientes. Todos os pacientes do estudo eram oncológicos, com sítio mais comum na mama, seguido por pâncreas, colorretal, esôfago, estômago, cavidade oral, tireoide, pulmão e bexiga.
A função dos aplicativos estava relacionada à educação e orientação em saúde, facilitação da comunicação médico-paciente, gerenciamento de hábitos, monitoração da dor, avaliação de efeitos colaterais e complicações medicamentosas, acompanhamento nutricional, psicológico e atividades físicas.
Os autores da meta-análise viram que as intervenções realizadas por meio dos aplicativos em saúde melhoraram a qualidade de vida dos pacientes (IC de 95% −1,00 a −0,16) e reduziram sintomas psicológicos como ansiedade e depressão (IC 95% – 0,72 a -0,15; p= 0,003). A capacidade de monitorar os próprios sintomas e o autocuidado também apresentaram melhoras com uso de aplicativos (IC 95% 0,26 a 1,53; p=0,001).
No entanto, em relação à satisfação dos pacientes, não houve diferenças estatisticamente significativas (IC de 95% -1,06 a 3,57; p = 0,23).
Os dados levantados por He M et al. dão indícios de que os aplicativos de saúde têm um certo potencial para melhorar o bem-estar dos pacientes oncológicos após cirurgias, melhorando a qualidade de vida e o autocuidado.
Entretanto, os autores fazem ressalvas em relação à heterogeneidade entre os ensaios avaliados e algumas avaliações que não devem ser feitas, como comparação dos efeitos em tipos diferentes de câncer.
O real papel dos aplicativos móveis de saúde
Os aplicativos avaliados na meta-análise têm seu potencial na melhora da recuperação e qualidade de vida dos pacientes. Entretanto, é necessário padronização e mais estudos para definição de modelos embasados e seguros que possam direcionar, com segurança, as condutas dos pacientes no dia a dia.
No contexto dos pacientes oncológicos, que, habitualmente, apresentam maior fragilidade física e psicológica devido à gravidade e estigmas associados a essa doença, é preciso mais canais acessíveis para um acompanhamento pós-operatório e comunicação com os profissionais de saúde.
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