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Cirurgia22 julho 2022

Infecção de sítio cirúrgico e o manejo pré-operatório tradicional

A infecção de sítio cirúrgico é uma intercorrência frequente em cirurgia. Conheça estudo sobre eficácia do manejo pré-operatório.

Por Felipe Victer

Infecção de sítio cirúrgico é uma das intercorrências mais frequentes em qualquer tipo de cirurgia realizada. Todo cirurgião, desde os seus dias iniciais de formação, aprende as técnicas e os princípios da cirurgia limpa e a necessidade de evitar contaminações grosseiras.

No entanto, mesmo assumindo todas as medidas necessárias, mantém-se um índice de infecção de sítio cirúrgico que todos almejam diminuir, visto que essa intercorrência pode prejudicar consideravelmente os resultados operatórios.

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Medidas de prevenção normalmente necessitam da análise de um número muito grande de pacientes, então o uso de metanálises se faz necessário para que se possa comprovar o benefício de uma medida de maneira ampla e irrestrita. O trabalho publicado no British Journal of Surgery faz esta metanálise e investiga se um pacote de medidas tomadas no pré-operatório pode, de fato, diminuir a taxa de infecção de sítio cirúrgico.

Método

Metanálise e revisão sistemática, com ensaios clínicos, casos controles e séries de casos que comparam o manejo tradicional pré-operatório (controle) com medidas extras de cuidado (intervenção) e seus respectivos desfechos em infecção de sítio cirúrgico. Esses dados foram analisados pelo protocolo Cochrane de revisão sistemática.

Resultados

Foram encontrados 4446 estudos, sendo selecionados 334 para a leitura completa e 18 foram incluídos na revisão. Houve uma grande variedade do tipo de cirurgia entre os estudos, envolvendo cirurgia colorretal, pediátrica, vascular, ginecologia/obstetrícia e ortopédica. Também foi bastante dispare entre os trabalhos o tipo de pacote de medida realizada para prevenção de infecção operatória. As medidas mais frequentes entre os grupos foram: uso de clorexidina alcoólica, uso adequado da profilaxia antibiótica com seleção, dose e repique e momento correto da infusão; tricotomia com máquina e fechamento da ferida com instrumental separado. 

Devido a grande disparidade entre os estudos, a análise foi bastante prejudicada, não sendo possível realizar dados estatísticos consistentes. Até mesmo o resultados entre diferentes estudos têm apresentado resultados díspares na análise de uma mesma variável. 

Discussão

Esta revisão sistemática não foi possível determinar se as medidas extras de cuidado pré-operatório refletem uma diminuição de fato da infecção de sitio cirúrgico. Este achado, em parte, é devido a grande heterogeneidade dos trabalhos analisados, o que não permite que seja feito uma recomendação entre os diferentes tipos de cirurgia.  

Algumas metanálises anteriores acharam um grande benefício do uso de pacotes de medidas na prevenção  de infecção de sítio cirúrgico em cirurgias colorretais, e sugerem que grandes pacotes, com até 11 intervenções, podem ser superiores. Isto vai contra princípios que estes pacotes devem ser pequenos, simples e possuírem resultados com significância estatística.  Alguns estudos basearam seus resultados em em achados sem o rigor que este estudo utilizou.

Em conclusão, a análise de grupos específicos de cirurgia poderá apresentar resultados mais consistentes, o que não foi possível neste estudo.  Além disto este “pacote de medidas” deve ser de simples implementação e apresentar resultados com significância estatística e assim melhorar os desfechos operatórios.

Para levar para casa

Não existe fórmula mágica! Esta é a maior conclusão que podemos chegar ao final da leitura deste artigo. O uso da técnica correta é o principal elemento para um bom desfecho cirúrgico e diferentes cirurgias poderão possuir diferentes particularidades.

O importante é o cirurgião, junto com a CCIH, saber como seus pacientes evoluem no pós-operatório, com busca ativa dos índices de infecção de sítio cirúrgico, mesmo após a alta do paciente.  Somente assim saberemos corrigir nossas falhas.

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Referências bibliográficas

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