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Cirurgia3 junho 2025

Imunoterapia com quimioterapia no tratamento de câncer gástrico irressecável?

Meta-análise avaliou ensaios clínicos, envolvendo pacientes com câncer gástrico irressecável submetidos diferentes tratamentos, como quimioterapia combinada com imunoterapia
Por Jader Ricco

O câncer gástrico, especificamente o adenocarcinoma, que representa cerca de 95% dos tumores gástrico, é o 5º tumor mais frequente e a quarta causa de morte por câncer no mundo. A ausência de sintomas precoces e de programas específicos de rastreamento faz com que uma porção significativa desses tumores seja irressecável (tanto por invasão local ou metástases à distância), e diagnosticada em estágios avançados da doença. 

Quando a cirurgia curativa não é possível, o tratamento clínico é a única opção de tratamento do adenocarcinoma gástrico. Terapias modernas como imunoterapia associada à quimioterapia vêm demonstrando bons resultados com aumento significativo na sobrevida. Estudos estão avaliando a eficácia e a combinação mais efetiva dessas drogas no tratamento do câncer gástrico irressecável. 

Assim, uma meta-análise publicada em fevereiro de 2025 avaliou 8 ensaios clínicos, envolvendo 7.898 pacientes com câncer gástrico irressecável submetidos a 8 tratamentos diferentes, que incluíram combinações de imunoterapia e quimioterapia e, também, apenas quimioterapia. 

quimioterapia

Métodos 

Um dos critérios de exclusão do estudo foi diagnóstico de HER2-positivo, pois, nesses casos, a combinação de terapia alvo com Trastuzumab associada à quimioterapia à base de platina e fluoropirimidina já está estabelecida.  

A meta-análise realizada por Zhang W et al. avaliou a eficácia e a segurança da imunoterapia (com inibidores da programmed cell deatsh protein-1 – PD-1 e cytotoxic T lymphocyte-associated antigen-4 – CTLA-4) associada à quimioterapia como primeira linha de tratamento em pacientes com câncer gástrico irressecável, HER2-negativo.  

Resultados e discussões 

Em relação ao tratamento combinado de imunoterapia mais quimioterapia comparado com apenas quimioterapia, os pacientes que receberam tratamento combinado apresentaram melhores resultados em relação à sobrevida global. 

Dentre os tratamentos combinados, a associação entre cadonilimabe mais quimioterapia foi a melhor em relação à sobrevida global (HR 0,62, IC 95% – 0,50 a 0,78) e à sobrevida livre de doença (HR 0,53, IC 95% – 0,43 a 0,65).  

O problema desse esquema de tratamento foi a toxicidade do cadonilimabe associada à quimioterapia, que foi identificado como a combinação com maior chance de levar à interrupção do tratamento pela toxicidade. Esses efeitos foram relativos ao sistema hematopoiético, principalmente na queda de neutrófilos e plaquetas. 

Referente a efeitos adversos, a combinação de nivolumab mais quimioterapia foi a que mais apresentou efeitos adversos graves (grau 3 ou mais). 

Mensagem prática 

A meta-análise conduzida por Zhang W et al. mostrou melhores resultados com uso de cadonilimabe associado à quimioterapia para pacientes com câncer gástrico irressecável, HER2-negativo e PD-L1 CPS positivo e recomendou essa combinação como primeira linha para esses pacientes.  

Estudos nessa área inovadora são benéficos, principalmente para casos em que as terapias tradicionais são limitadas e com resultados pouco expressivos, como uso da quimioterapia apenas.  

Entretanto, um fato digno de nota é que essas combinações ainda não estão amplamente disponíveis em todos os planos privados de saúde e nem no Sistema Único de Saúde (SUS). A comprovação da eficácia dos novos tratamentos serve como respaldo para investimentos na área e permitem maior acessibilidade a esses tratamentos no futuro. 

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Referências bibliográficas

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