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Cirurgia1 setembro 2025

HIPEC adjuvante em câncer de cólon com alto risco de metástase peritoneal

HIPEC no câncer de cólon: conheça evidências sobre prevenção de metástases peritoneais. Leia agora no Portal Afya!
Por Jader Ricco

O câncer de cólon é o 3º mais comum no mundo e a principal causa de morte nessa neoplasia são as metástases. Os principais sítios são peritônio, fígado e pulmões.  

As metástases peritoneais pioram significativamente a qualidade de vida dos pacientes, levando a queda do estado geral, ascites, dor e desconforto abdominal, obstrução intestinal, além de queda importante na sobrevida. Os principais fatores de risco para metástases peritoneais são tumores localmente avançados (pT4), perfuração tumoral, acometimento linfonodal, tumores do cólon ascendente, presença mucina, células em anel de sinete e ressecções com margens comprometidas. 

As chances de tratamento para os pacientes com metástases peritoneais são muito limitadas, sendo a sobrevida global média de 10 a 14 meses e, para os pacientes sem tratamento, apenas de 5 meses. Diante desse prognóstico tão limitado, estratégias para prevenir essa disseminação tumoral são cruciais. Dentre elas, a quimioterapia intraperitoneal hipertérmica (HIPEC) vem sendo estuda como ferramenta na prevenção de metástases peritoneais. 

câncer de cólon

Métodos 

Estudo holandês realizou em julho de 2024 uma meta-análise de ensaios clínicos de pacientes com câncer colorretal submetidos a HIPEC e quimioterapia sistêmica habitual. Ao final da seleção dos artigos, foram analisados dois grandes estudos, COLOPEC (holandês) e HIPECT4 (espanhol). O desfecho primário foi a recorrência locorregional. Os desfechos secundários foram a sobrevida livre de doença e sobrevida global. 

Resultados e Discussão 

Os dois artigos analisados englobaram no total 386 pacientes, sendo 189 submetidos a HIPEC + quimioterapia sistêmica, e 197 no grupo controle, que receberam apenas quimioterapia sistêmica como terapia adjuvante. 

A recorrência locorregional em 36 meses foi de 16,0% (IC de 95%: 10,4% a 21,2%) no grupo HIPEC e de 21,2% (IC de 95%: 15,0% a 26,9%) no grupo controle, com P=0,295, demonstrando que não houve diferença estatisticamente significativa entre os dois grupos. 

Em relação aos desfechos secundários, a diferença dos resultados entre os dois grupos não estatisticamente significativa. A sobrevida livre de doença em 36 meses foi de 70,4% (IC de 95%: 57,6% a 86,1%) para os pacientes que receberam HIPEC e quimioterapia sistêmica adjuvante e de 66,3%(IC de 95%: 52,9% a 83,2%) para os pacientes que receberam apenas quimioterapia sistêmica adjuvante (P = 0,574). A sobrevida global em 36 meses foi de 86,6% (IC de 95%: 80,9% a 92,7%) no grupo HIPEC e de 86,7% (IC de 95%: 79,7% a 94,4%) no grupo controle (P = 0,854). 

Entretanto, a análise de subgrupos revelou resultados melhores para tumores do cólon ascendente em relação ao desfecho primário. As taxas de recorrência locorregional para tumores do colon ascendente foram de 18% no grupo HIPEC e 37% no grupo controle, com P< 0,001.  

Mensagem prática 

O prognóstico sombrio nos casos de câncer de colón com metástases peritoneais requer medidas eficazes para a prevenção dessa disseminação. Os resultados em relação à recorrência locorregional para tumores de cólon ascendente têm sua importância visto que o próprio sítio de acometimento (cólon direito) em que a HIPEC adjuvante apresentou diferença estatística é um fator de risco. Estudos direcionados a esses tumores devem ser realizados para essa recomendação se oficializar.  

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Referências bibliográficas

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