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Cirurgia2 abril 2020

Covid-19 e prática cirúrgica: como um paciente manifesta a doença no pós-operatório?

O mundo enfrenta uma crise com o surto de Covid-19 e neste cenário é preciso saber como um paciente em pós-operatório reage às manifestações da doença.

Por Rafael Erthal

O mundo enfrenta uma crise global de saúde e neste cenário é desconhecido a maneira como um paciente em pós-operatório reage às manifestações da doença.

As alterações pós-operatórias convencionais podem se confundir com sintomas da infecção pela Covid-19 dificultando o diagnóstico. Sabe-se que pacientes idosos e portadores de comorbidades prévias à infecção apresentam pior desfecho e maior letalidade com o contágio, entretanto pouco é conhecido sobre o índice de complicações e mortalidade em pacientes no período pós-operatório.

Cirurgia em paciente infectado pelo Covid-19 pode gerar complicações no perioperatório.

Covid-19 no pós-operatório

Um relato clínico descreve a evolução de quatro pacientes. Todos com programação eletiva de cirurgias próximas ao início do surto de Covid-19 em Teerã, Irã, no mês de fevereiro de 2020 (colecistectomia, reparo de hérnia, histerectomia e bypass gástrico).

Três dos pacientes desenvolveram febre e sintomas respiratórios no período pós-operatório, dois deles tiveram cirurgias eletivas realizadas antes da detecção do surto no país. Dois destes pacientes morreram.

O quarto paciente da série tinha cirurgia bariátrica agendada, mas abriu sintomas respiratórios na véspera da cirurgia e rapidamente evoluiu para falência respiratória e teve uma parada cardíaca. Caso o paciente abrisse o quadro poucos dias após provavelmente teria sido operado expondo a equipe cirúrgica e auxiliar à infecção além de apresentar o desfecho fatal.

Embora o momento do contágio não possa ser precisamente detectado, dois dos pacientes desenvolveram sintomas sendo readmitidos com duas semanas de pós-operatório podendo ter sido infectados durante a estadia hospitalar. Um dos casos desenvolveu febre no segundo dia de pós-operatório, assim possivelmente apresentava a forma mais branda durante a admissão/operação.

Leia também: E quando um paciente com coronavírus necessita de cirurgia?

A febre no período pós-operatório pode ocorrer por outros motivos que não a infecção por Covid-19 e seu diagnóstico etiológico é dificultado no momento da epidemia, especialmente considerando a especificidade/sensibilidade dos métodos diagnósticos disponíveis.

Conclusão

O trabalho conclui que a Covid-19 pode complicar o curso perioperatório representando desafio diagnóstico e apresentando uma alta taxa de mortalidade potencial.

Em virtude das potências complicações possíveis e na dificuldade em se fazer o diagnóstico da Covid-19 no pós-operatório deve-se avaliar com muito critério o custo benefício de uma cirurgia eletiva. Em algumas situações, adiar procedimentos cirúrgicos eletivos pode ser a decisão certa. O adiamento pode também preservar recursos hospitalares, incluindo o equipamento de proteção individual e leitos de unidades intensivas.

Outra opção seria a triagem rotineira ou seletiva de pacientes para a Covid-19 antes dos procedimentos cirúrgicos eletivos. Entretanto, esta ainda não é padronizada ou tem resultados previsíveis.

Referências bibliográficas:

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