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Cirurgia12 setembro 2025

Colecistite durante a gravidez

Estudo compara tratamento cirúrgico e não cirúrgico da colecistite aguda na gravidez, avaliando segurança e desfechos maternos e fetais.
Por Felipe Victer

A gestação é um momento tão singular, que mesmo as patologias mais usuais, se tornam motivo de discussão sobre qual a melhor forma de tratar. Geralmente, colecistite aguda em mulheres adultas jovens tem o tratamento pautado na cirurgia e isso não se questiona. No entanto, no caso de gestantes, se reacende a discussão se devemos operar ou realizar um tratamento conservador da colecistite aguda. 

Um dos grandes dilemas sobre o tratamento em pacientes gestantes é que raramente se possui um protocolo de pesquisa que seja ético e consiga randomizar pacientes para uma patologia potencialmente grave. Além disso, ainda existem fatores confundidores da colecistectomia, que pode ser realizada por via aberta ou por via convencional, os quais podem representar diferentes desfechos para a gestação.  

O trabalho publicado na Surgical Endoscopy revisita esse tema, numa meta-análise com revisão sistemática, que busca determinar se há uma melhor estratégia no manejo da colecistite aguda em pacientes grávidas.  

Veja também: Colecistite aguda alitiásica: como identificar e tratar?

colecistite

Métodos 

Meta Análise que envolveu estudos que avaliaram o tratamento da colecistite aguda nas gestantes. Foi determinado como desfecho primário a mortalidade materna e eventos adversos na gestação como a perda fetal e/ou trabalho de parto prematuro. A fim de determinar os diferentes estágios de gestação, a análise também foi dividida em trimestres, assim como a modalidade cirúrgica empregada: cirurgia aberta ou laparoscópica. Como desfechos secundários o tempo de hospitalização e a necessidade de readmissões.  

Resultados 

A busca de artigos encontrou 822 artigos, nove preencheram critérios para a análise completa que representaram um total de 45.883 pacientes. Desses 26.034 realizaram o tratamento operatório e 19.849 tratamento conservador. Todos os artigos foram retrospectivos, com dados variando desde 1973 a 2020.   

O número de eventos adversos gestacionais, foi reduzido no grupo cirurgia, numa razão de chance de 0,60; 95% CI 0,42 a 0,87; P=0,007. Quanto aos desfechos secundários o grupo operatório também apresentou um menor tempo de internação com uma média de -7,15 dias; 95% CI − 7.83 a −6.47; P < 0,00001. 

Na análise de subgrupos, a cirurgia videolaparoscópica apresentou melhores desfechos quando comparada ao tratamento não operatório (p=0,0008), já quando comparada a cirurgia aberta com o tratamento não operatório, a cirurgia aberta apresentou piores resultados (p=0,002). 

Discussão 

Esse estudo identificou que o tratamento cirúrgico, especialmente no subgrupo laparoscópico, resulta em melhores resultados maternos/infantis em pacientes grávidas que apresentam colecistite aguda. No passado, a colecistectomia só era realizada em gestantes quando todas as outras possibilidades terapêuticas haviam se esgotado. 

Ainda existem algumas controvérsias a respeito do melhor momento para se realizar a colecistectomia, apesar de dados e diretrizes sugerirem que a colecistectomia é segura ao longo de todos os trimestres. Os dados mais recentes favorecem ainda mais que a colecistectomia videolaparoscópica é ainda mais segura.  Tratamento não operatório é associado a recorrências, maior tempo de internação e maiores intercorrências materno infantis.  

Em conclusão, optar pelo tratamento cirúrgico poderá resultar em melhores desfechos para a gestação. 

Para levar para casa  

Uma cirurgia quando bem indicada irá definitivamente melhorar os desfechos dos pacientes. Não se pode ter o temor de operar uma paciente pelo simples fato que ela está grávida, visto que o tratamento não operatório de uma colecistite pode representar uma piora dos resultados da gestação. Infelizmente, muito na gravidez vem de dados retrospectivos apenas, porém em diversas situações cirúrgicas na gestante uma cirurgia precocemente realizada

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Referências bibliográficas

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