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Cirurgia10 junho 2022

Colangiocarcinoma multifocal: quimioterapia de infusão arterial hepática ou ressecção cirúrgica?

Colangiocarcinoma intra-hepático é o segundo mais comum tumor primário do fígado, sendo originado de células epiteliais dos ductos biliares.

Colangiocarcinoma intra-hepático (CCI) é o segundo mais comum tumor primário do fígado, sendo originado de células epiteliais dos ductos biliares. Muitos pacientes apresentam lesões multifocais ao diagnóstico, o que restringe o arsenal terapêutico à cirurgia em casos selecionados de doença multifocal limitada ou quimioterapia paliativa na maioria dos casos.

Buscando abordagens terapêuticas que possibilitem melhor índice de sobrevida tem-se avaliado a aplicabilidade da quimioterapia de infusão arterial hepática (HAIC) nesse perfil de paciente. Esse tratamento consiste na infusão de altas doses de quimioterápico diretamente na circulação arterial hepática, o que otimiza em até 200 vezes a concentração de fármaco que chega ao tumor, além de reduzir os efeitos colaterais da administração sistêmica.

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O tratamento de colangiocarcinoma intra-hepático multifocal (CCIM) com HAIC com floxuridina tem obtido melhores taxas de sobrevida comparativamente à quimioterapia clássica (25 meses vs 16 meses, respectivamente). Assim, vislumbrando HAIC com floxuridina como uma ferramenta em potencial para tratamento desse perfil de paciente, estudo recente multicêntrico comparou essa terapia à abordagem cirúrgica.

Colangiocarcinoma multifocal quimioterapia de infusão arterial hepática ou ressecção cirúrgica

Análise recente

Foram avaliados 319 pacientes com CCIM, sendo 141 submetidos à HAIC (média de 62 anos e 56% do sexo feminino) e 178 à ressecção cirúrgica (média de 50 anos e 51% do sexo masculino). O grupo CCIM apresentou maior porcentagem de doença bilobar (88% vs 34,3%), maior dimensão tumoral (média de 8,4 cm vs 7 cm) e maior proporção de doença multilobar (66,7% vs 24,2%). Mortalidade em 30 dias do procedimento e sobrevida foram melhores no grupo CCIM quando comparado à abordagem cirúrgica (0,8% vs 6,2% e 20,3 vs 18,9 meses, respectivamente). Sobrevida em 5 anos em pacientes com 2 ou 3 lesões e com 4 ou mais lesões foi comparável em ambos os grupos ( 23,7% vs 25,7% e 5% vs 6,8%, respectivamente). A razão de risco (HR) após ajuste de tamanho, quantidade de lesões e acometimento linfonodal para HAIC vs ressecção foi de 0,75 (p = 0,07).

Em conclusão, o presente estudo mostrou que, em pacientes com CCIM, abordagens alternativas como CCI com fluxoridina podem ser usadas como ferramentas com potencial de sobrevida comparável à ressecção cirúrgica. Esse método também tem mostrado vantagem quando comparado à quimioterapia convencional e outros métodos percutâneos, como quimioembolização transarterial e radiofrequência ablativa, já que vem apresentando melhores taxa de sobrevida e não é limitado a fatores regionais como número e localização de lesões.

O que levar para casa

A busca de métodos alternativos menos invasivos e que possibilitem melhora da sobrevida em pacientes com câncer hepático avançado, a exemplo do colangiocarcinoma intra-hepático multifocal (CCIM), deve ser prioritária nesse perfil de paciente. Considerar ferramentas menos mórbidas e que demonstram sobrevida semelhante à abordagem cirúrgica pode ser um caminho para tratamento. Essa decisão deve ser individualizada para o perfil do paciente, considerando risco cirúrgico e benefício oncológico a médio e longo prazo.

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Referências bibliográficas

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