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Cirurgia30 setembro 2016

Cirurgiões que não se comunicam sobre efeitos adversos sofrem mais

Cirurgiões com dificuldade em falar abertamente sobre eventos adversos dos seus procedimentos se afetam negativamente com eles.

Por Colunista

Pesquisa publicada este ano pelo JAMA Surgery (Associação Médica Americana) revelou que cirurgiões com dificuldade em falar abertamente sobre eventos adversos dos seus procedimentos se afetam negativamente com eles. Além disso, os que não conseguem discutir questões como prevenção de tais eventos são ainda mais afetados por desfechos negativos.

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A pesquisa foi realizada com 62 cirurgiões (21 mulheres e 41 homens) de 12 especialidades cirúrgicas: geral, cardíaca, ginecológica, neurocirurgia, oftalmologia, ortopedia, otorrinolaringologia, plástica, pediátrica, torácica, urologia e vascular. Foi baseada num questionário eletrônico com 21 itens onde os cirurgiões foram solicitados a identificar e discutir um caso no qual foi necessária uma intervenção não programada 30 dias após a cirurgia inicial.

Os participantes da pesquisa foram capazes de reportar até oito desfechos, porém a maioria só apontou cinco itens nas conversas com seus pacientes. Nos aspectos mais difíceis da conversa, somente 55% se desculparam com seus pacientes ou discutiram se o evento adverso poderia ter sido prevenido e só 32% informaram como prevenir recorrências.

Dos 62 participantes da pesquisa, 17 disseram estar ansiosos sobre desfechos futuros e 36 relatam ter sido afetados de forma “moderada, um pouco ou extremamente”, porém a maioria não referiu efeito significativo na satisfação com o trabalho, confiança, reputação profissional ou sono. A preocupação maior se dá com o fato de que essas questões levam os cirurgiões ao burnout, falta de resiliência e até depressão.

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Como conclusão, os autores afirmam que sem treinamento para essa habilidade específica de comunicação em conversas difíceis, os cirurgiões irão experimentar efeitos psicológicos negativos no caso de eventos adversos.

A realidade brasileira não está muito aquém da americana. Os programas de residência médica não incluem, em suas longas jornadas de trabalho e estudos, discussões a cerca da carga emocional que os novos cirurgiões estão submetidos. Em poucos serviços vemos sessões de morbimortalidade para discutir os “casos que deram errado”. Avaliar nossos erros significa prevenir erros futuros e precisamos aprender a lidar com eles da mesma forma que aprendemos a indicar uma cirurgia e operar um paciente.

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Referências:

  • Surgeons’ Disclosures of Clinical Adverse Events. JAMA Surg. Published online July 20, 2016. doi:10.1001/jamasurg.2016.1787
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