Um dos destaques na apresentação de temas livres do terceiro dia do Congresso Brasileiro de Cirurgia, foi o trabalho apresentado por este editor, sobre um levantamento de dados de pacientes com câncer gástrico operados em um hospital vinculado ao SUS de Belo Horizonte.
Trata-se de um estudo retrospectivo que avaliou pacientes operados com câncer gástrico na Santa Casa de Belo Horizonte, um hospital 100%, com mais de 1000 leitos de internação, e um Centro de Alta Complexidade em Oncologia (CACON).
Cenário do câncer gástrico
O câncer gástrico é o uma das neoplasias mais frequentes no mundo com uma grande representatividade nas causas de morte por câncer. Seu tratamento é complexo e tem como pilar a cirurgia. As chances de cura estão atreladas aos avanços da medicina e dos serviços prestados pelas instituições de saúde.
Grande parte da população brasileira é atendida pelo Sistema Único de Saúde. Em Minas Gerais o maior complexo hospitalar dessa rede é a Santa Casa de Belo Horizonte (Santa Casa BH), que concentra um volume expressivo no atendimento à população oncológica.
Objetivo
Uma condição sine qua non para a melhoria do serviço prestado é o conhecimento dos resultados e a identificação de pontos a serem melhorados. Do contrário, o serviço fica estagnado e obsoleto. O objetivo desse trabalho foi realizar um levantamento de dados no qual fosse possível avaliar os resultados clínicos, patológicos e cirúrgicos e correlacionar com a sobrevida em 3 anos de pacientes submetidos à gastrectomia com finalidade curativa.
Análise dos dados
Foi identificado prevalência do sexo feminino (58,3%) entre os 48 pacientes avaliados nesse estudo e a média de idade foi de 62,1 anos. Em relação ao câncer gástrico, o tipo prevalente foi o intestinal de Laurén (47,9%); a localização predominante foi no terço distal (72,9%); o estádio IIIA foi o mais frequente (27,1%); a extensão da gastrectomia predominante foi a distal (60,4%).
A sobrevida foi menor em estádios mais avançados de doença. A extensão da gastrectomia e da linfadenectomia, a modalidade de quimioterapia e a realização de radioterapia não influenciaram a sobrevida nesse estudo.
O levantamento de dados do presente estudo revelou predominância do adenocarcinoma gástrico no sexo feminino e em idade mais avançadas. Não foi identificado significância estatística nas análises da sobrevida global e a sobrevida livre de doença em relação à extensão da cirurgia e da linfadenectomia, à quimioterapia ou à radioterapia.
Mensagem prática
A partir dos dados encontrados no presente estudo, foi possível efetuar mudanças para melhorar a qualidade do atendimento prestado, por meio de padronização de condutas, registros no prontuário, técnica cirúrgica e organização de equipes especialidades no tratamento do câncer gástrico
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