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Cirurgia1 julho 2022

As taxas de infecção aumentam com o uso de técnicas de esterilização de uso imediato?

Neste estudo, confira se a esterilização a vapor de uso imediato aumenta as chances de infecção em cirurgias ortopédicas.

Por Rafael Erthal

A esterilização a vapor de uso imediato (EVUI), anteriormente denominada esterilização “flash”, tem sido historicamente usada para esterilizar instrumentos cirúrgicos em situações de emergência. Enquanto as técnicas tradicionais de esterilização exigem de 1 a 3 horas de preparo, a EVUI envolve um tempo de 3 a 10 minutos.  

Seu uso, entretanto, é limitado pelo receio quanto a um risco aumentado de infecções do sítio cirúrgico (ISC), o que ocorre devido a carência de indicadores biológicos comprovando a eficácia da esterilização, do tempo de processamento rápido, do potencial de contaminação durante transferências e da falta de evidência na literatura assegurando sua utilização. 

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Um recente estudo investigou a taxa de ISC em pacientes que realizaram cirúrgica ortopédica envolvendo o uso de EVUI comparado com um grupo controle com a hipótese de não haver diferença entre os grupos. 

Trata-se de um estudo multicêntrico do tipo coorte retrospectiva combinado com escore de propensão realizado em dez hospitais localizados no nordeste dos EUA.  

cirurgias não cardíacas

Estudo

Os dados foram coletados através da revisão de prontuários e dos dados do CDC NHSN (sistema de rastreamento de infecções) incluindo 83.719 procedimentos ortopédicos. Os casos de 70.600 pacientes submetidos a cirurgias ortopédicas incluindo artroplastia total de joelho ou quadril, laminectomia, ou fusão espinhal realizadas entre janeiro de 2014 a dezembro de 2020, foram revisados ​​retrospectivamente. Neste grupo, 3.526 pacientes tiveram EVUI utilizado durante a cirurgia. Uma análise de pareamento por escore de propensão foi conduzida para contabilizar preditores conhecidos de ISC incluindo um total de 7.052 pacientes.  

Após o pareamento do escore de propensão, 111 (1,57%) dos 7.052 pacientes pareados desenvolveram ISC. Dos 111 pacientes, 61 (54,95%) estavam no grupo com EVUI e 50 (45,05%) no grupo sem EVUI. A probabilidade estimada de desenvolver ISC foi de 1,42% para os pacientes do grupo não- EVUI versus 1,73% para os pacientes do grupo EVUI (RR = 0,82 (IC= 0,57 a 1,19). Não houve evidência de que a proporção de ISC foi maior no grupo EVUI. 

O estudo apresenta limitações relacionadas especialmente a seu desenho retrospectivo. Os pontos fortes desta pesquisa são o tamanho da amostra e a padronização do critério para definição de infecção nos diferentes centros assim como dos protocolos de esterilização. 

As taxas de infecção não foram significativamente diferentes entre pacientes submetidos à cirurgia ortopédica nos quais foi utilizado o método de esterilização imediata. Estudos prospectivos futuros são necessários para explorar ainda mais a utilidade do EVUI durante procedimentos ortopédicos. 

 

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Referências bibliográficas

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