Antissepsia vaginal com gluconato de clorexidina ou iodopovidona na cirurgia uroginecológica?
A antissepsia vaginal pré-operatória pode ser feita com iodopovidona ou gluconato de clorexidina, mas qual é o mais eficaz? Conheça estudo!
Nos Estados Unidos existe a liberação da Food And Drugs Administration (FDA) apenas da iodopovidona para a antissepsia vaginal. Contudo, diversas outras substâncias são utilizadas em cirurgias ao redor do mundo, inclusive sob orientação de guidelines.
O estudo que trago teve como objetivo comparar a eficácia da clorexidina e do iodo como soluções antissépticas vaginais pré-cirúrgicas, na prevenção das infecções mais comuns associadas à cirurgia ginecológica: as infecções do trato urinário.
Método
Os autores realizaram um estudo randomizado controlado de não inferioridade entre mulheres submetidas à cirurgia uroginecológica. O desfecho primário foi infecção sintomática do trato urinário dentro de duas semanas após a cirurgia. Já os desfechos secundários incluíram infecção do trato urinário comprovada por cultura em duas e seis semanas após a cirurgia, infecções sintomáticas do trato urinário em seis semanas após a cirurgia, qualquer infecção do sítio cirúrgico em duas semanas e irritação vaginal relatada pela paciente.
Eles obtiveram 58 participantes por braço para demonstrar não inferioridade de clorexidina versus iodo (margem de risco relativo de <1,5 para o limite superior de intervalo de confiança de 95%) entre os grupos para o resultado primário.
Um total de 119 participantes (61 no grupo clorexidina e 58 no grupo iodo) completaram o desfecho primário e foram incluídos nas análises. Não houve diferença nas características demográficas dos grupos, no histórico médico, nas operações realizadas ou nos fatores perioperatórios. A clorexidina não foi inferior ao iodo em relação ao desfecho primário, infecção sintomática do trato urinário em duas semanas após a cirurgia (10% versus 17%; risco relativo, 0,6; intervalo de confiança de 95% [-∞, 1,3]).
Além disso, a clorexidina não foi inferior ao iodo para os desfechos de infecção secundária do trato urinário. Os grupos foram semelhantes em termos de infecção do sítio cirúrgico (total 3/119 [2,5%]) e presença de qualquer irritação vaginal (4/54 [7,4%], para ambos os grupos). Dessa forma, a clorexidina não foi inferior ao iodo para antissepsia vaginal antes da cirurgia uroginecológica em relação à infecção do trato urinário.
Mensagem final
Dadas as taxas semelhantes de infecção do trato urinário pós-operatória demonstradas por Rockefeller et al. e a ausência de diferença na irritação vaginal, a clorexidina parece ser uma opção segura e razoável para antissepsia vaginal antes de procedimentos cirúrgicos. Porém, estudos adicionais são necessários para examinar melhor a infecção do sítio cirúrgico. Vale ressaltar que, no Brasil, a clorexidina é uma opção mais barata que o iodo, assim, torna-se uma ótima opção para antissepsia vaginal.
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