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Cirurgia5 janeiro 2023

Antibioticoprofilaxia oral na infecção de sítio cirúrgico pós cirurgia colorretal

Um estudo avaliou a eficácia da antibioticoprofilaxia oral na prevenção da infecção de sítio cirúrgico após cirurgia colorretal eletiva.

Por Raissa Moraes

A infecção de sítio cirúrgico (ISC) é muito prevalente na assistência à saúde e está associada à aumento da morbidademortalidade, taxas de reinternação e custos de saúde atribuíveis. Os pacientes submetidos à cirurgia colorretal estão particularmente sob risco desse tipo de infecção com uma taxa de incidência estimada em torno de 26%. Habitualmente, é feita profilaxia antimicrobiana intravenosa e vários grandes estudos retrospectivos e metanálises relataram que a profilaxia com antibiótico oral como adjuvante pode ajudar ainda mais a reduzir o risco de ISC.  

Esses resultados, no entanto, são controversos, pois muitas dessas análises usaram também preparo intestinal mecânico, o que foi um fator de confusão. Ademais, a ausência de benefício comprovado com o preparo intestinal, aliado aos possíveis efeitos adversos e desconforto gerado nos pacientes levaram a recomendações contra o uso rotineiro desse método. Dessa forma, como faltavam evidência de um benefício clínico claro, um estudo recente buscou avaliar a eficácia da antibioticoprofilaxia oral na prevenção da infecção de sítio cirúrgico após cirurgia colorretal eletiva. Entre 25 de maio de 2016 e 8 de agosto de 2019 foi conduzido um estudo foi multicêntrico (11 hospitais universitários e não universitários na França), randomizado, duplo-cego e controlado por placebo. 

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Métodos 

Foram selecionados 926 adultos que estavam agendados para cirurgia colorretal eletiva e eles foram alocados para receber uma dose única de 1g de ornidazol (n = 463) ou placebo (n = 463) por via oral 12 horas antes do procedimento, além da profilaxia antimicrobiana venosa antes da incisão.  

O desfecho primário foi a proporção de pacientes com ISC em 30 dias e os resultados secundários incluíram tipos de ISC e complicações pós-operatórias dentro de 30 dias (como síndrome de resposta inflamatória sistêmica pós-cirúrgica, sepse, complicações cardiovasculares, lesão renal aguda, reoperação, drenagem cirúrgica ou endoscópica, readmissão hospitalar não planejada), além de dias livres de internação em 30 dias e mortalidade em 30 e 90 dias.  

Resultados 

A média de idade dos participantes foi de 63 anos e 554 (60%) eram homens. Infecção do local cirúrgico dentro de 30 dias após a cirurgia ocorreu em 60 de 463 pacientes (13%) no grupo de profilaxia oral e 100 de 463 (22%) no grupo placebo (diferença absoluta -8,6%, IC95%: -13,5%, -3,8%; RR0,60, IC95%: 0,45, 0,80). A proporção de pacientes com infecções profundas de pele e partes moles foi de 4,8% no grupo de profilaxia oral e 8,0% no grupo placebo (diferença absoluta -3,2%, IC95%: -6,4%, -0,1%). A proporção de pacientes com infecções sistêmicas foi de 5,0% no grupo de profilaxia oral e 8,4% no grupo placebo (diferença absoluta -3,4%, -6,7%, -0,2%). 

Leia também: Colonoscopia é eficaz em prevenir mortalidade por câncer colorretal?

Mensagem prática 

Conclui-se que, entre os adultos submetidos à cirurgia colorretal eletiva, a adição de uma dose única de 1g de ornidazol em comparação com o placebo antes da cirurgia reduziu significativamente as infecções do sítio cirúrgico. 

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Referências bibliográficas

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