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Cirurgia26 outubro 2021

ACSCC 2021: Controvérsias no tratamento do abdômen agudo

Todo o cirurgião geral deve estar familiarizado com urgências abdominais, visto que faz parte do dia a dia, mesmo que não seja plantonista.

Por Felipe Victer

Todo o cirurgião geral deve estar familiarizado  com as urgências abdominais, visto que isto faz parte do dia a dia do cirurgião, mesmo que não seja plantonista. Apesar de diversas condutas aceitas, sempre há alguma discussão de qual a melhor abordagem para uma determinada situação. 

Na aula sobre a cirurgia de controle de dano no American College of Surgeons Clinical Congress 2021 (ACSCC 2021), o professor Carlos Brown, prefere nomear este tipo de cirurgia com o laparotomia em estágios, especialmente nos casos não traumáticos. O fato de deixar o abdome aberto também está relacionado a complicações do métodos, e portanto sempre fechar o abdome nos casos que são possíveis. Nos casos que ficam abertos por mais de sete dias possivelmente serão necessárias diversas visitas ao centro cirurgico para a aproximação da parede, com a preferencia pelo método de Wittmann Patch ® (Nota: sistema de fechamento de parede com auxilio de velcron).

ACSCC

Discussões

A colecistite aguda, continua sendo uma controversa, especialmente no argumento de esfriar o processo. Caso o paciente esteja apto a receber uma anestesia geral a colecistectomia é a primeira opção, visto que não apresenta maior taxa de lesão de via biliar quando comparada com a cirurgia adiada. Porém se o paciente não estiver apto para o procedimento cirúrgico a drenagem percutânea é a opção. Nos caso que não sejam possíveis o implante de drenos, um número significativo de pacientes irão se beneficiar, do antibiótico isolado. Nos casos em que a cirurgia está desafiadora tecnicamente, a fenestração da vesícula pode ser uma opção viável. 

A discussão da hérnia diafragmática estrangulada que chegou à emergência às 2h da madrugada, também levantou pontos importantes visto que são casos de difícil manejo. Alguns trabalhos já mostraram que o desfecho da cirurgia de urgência da hérnia diafragmática de emergência é pior que quando operada eletivamente. Uma das primeiras manobras a ser realizada nestes pacientes é a passagem de um cateter naso-gástrico que pode ser difícil devido a volvo gástrico, porém pode ser auxiliado com a endoscopia, a qual também pode avaliar a viabilidade gástrica nos casos que se opte por um tratamento não operatório. Quando indicada a cirurgia a mesma deve ser realizada o mais breve possível, e de preferência por laparoscopia, no entanto o cirurgião deve estar preparado para abrir o abdome e/ou o tórax. A cirurgia de urgência possui os mesmos passos que a cirurgia eletiva, no entanto o objetivo primário é o alívio da isquemia, o que pode influenciar a sua decisão de não executar o reparo completo do defeito, visto que pode prolongar em muito o tempo operatório em um pacientes que pode estar debilitado. 

E a controvérsia sobre a abordagem não operatória da apendicite continua em voga. Será que o tratamento não operatório é suficiente?

A apendicite aguda possui uma vasta gama de apresentações nas diferentes idades. O tratamento operatório já provou a sua eficácia, mas porque discutir um tratamento não operatório? Alguns pacientes não imunodeprimidos, especialmente aqueles que não desejam ser operados, podem ter a opção de realizar o tratamento com antibiótico isolado. O retorno ao trabalho é mais precoce no grupo de antibiótico, no entanto 9% dos pacientes tratados com antibiótico retornam a emergência em três meses enquanto nos submetidos a cirurgia a taxa é de 4% nos três meses após a cirurgia.

Estamos acompanhando o ACSCC 2021. Fique de olho no Portal PEBMED!

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