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Cirurgia4 abril 2018

A toxina botulínica e sua aplicação em cicatrizes faciais

Há um crescente interesse no uso de toxina botulínica tipo A para o manejo de feridas operatórias e cicatrizes pós-cirúrgicas.

Por Danielle Rocha

Tempo de leitura: [rt_reading_time] minutos.

Atualmente, a aplicação de toxina botulínica para atenuação de rugas faciais é o procedimento mais realizado no mundo. Sua aplicação em pequenas doses em pontos específicos causa relaxamento muscular seletivo, proporcionando rejuvenescimento das áreas tratadas. As injeções de toxina botulínica tipo A também são um tratamento eficaz e seguro para enxaqueca, hiperidrose, blefaroespasmo, estrabismo e inúmeras outras condições médicas em diferentes especialidades.

Há um crescente interesse no uso de toxina botulínica tipo A para o manejo de feridas operatórias e cicatrizes pós-cirúrgicas. No entanto, as diferenças que encontramos entre os indivíduos na formação da cicatrizes, torna necessária a realização de estudos com cicatrizes divididas (metade da cicatriz faz parte do grupo controle e a outra metade do grupo da intervenção), para verificar se a toxina botulínica tipo A melhora as cicatrizes cirúrgicas faciais.

Pensando nisso, foi realizado um estudo prospectivo, randomizado, duplo-cego, com cicatriz dividida, para investigar a segurança e a eficácia da injeção precoce de toxina botulínica tipo A em cicatrizes cirúrgicas faciais.

A análise foi realizada com um grupo de 14 pacientes submetidos a cirurgias faciais reconstrutivas. As cicatrizes foram divididas em cada indivíduo e cada metade foi tratada randomicamente com injeção de solução salina a 0,9% (controle) e a outra metade com solução contendo toxina botulínica tipo A (intervenção). A toxina foi injetada de cada lado da cicatriz a 5 mm da mesma, na proporção de 10U por 0.2 ml para cada 1 cm de cicatriz. Todas as injeções do estudo foram realizadas no plano intradérmico pelo mesmo cirurgião, imediatamente após a ferida ser suturada.

A avaliação cega foi realizada 6 meses após o procedimento por dois cirurgiões, que separadamente realizaram uma avaliação clínica objetiva utilizando a Escala de Cicatriz de Vancouver e uma escala visual análoga (de 0 a 10, 0 = o pior e 10 = o melhor). Nesta mesma ocasião era registrada a largura da cicatriz como a média do valor mais amplo e mais estreito, assim como eventos adversos relatados pelos pacientes. Fotografias digitais padronizadas também foram tiradas nesse momento.

botox

Toxina botulínica em cicatrizes faciais

As cicatrizes do grupo experimental estavam, significativamente, mais finas que no grupo controle aos 6 meses após o procedimento. Mas não houve diferenças, estatisticamente significativas, em relação à pigmentação, maleabilidade ou vascularização entre as duas metades das cicatrizes.

Sabemos que múltiplos fatores contribuem para uma cicatriz indesejável, incluindo a origem étnica do paciente, a localização anatômica da incisão, as técnicas cirúrgicas e as infecções pós-operatórias. O estudo demonstrou que a injeção pós-cirúrgica imediata da toxina botulínica tipo A pode melhorar o aspecto das cicatrizes cirúrgicas faciais e reduzir sua largura e altura.

A tensão que age nas bordas da ferida é um fator importante na aparência inestética das cicatrizes. A paralisia muscular temporária induzida pela toxina botulínica do tipo A pode diminuir o movimento e o estresse em torno de uma ferida cicatricial. Este alívio da tensão pode ajudar a prevenir o alargamento da cicatriz facial, hipertrofia e hiperpigmentação.

Estudos experimentais revelaram uma maior população de fibroblastos do tipo A tratados com toxina botulínica na fase G0 a G1, e a toxina botulínica tipo A poderia inibir a expressão do fator de crescimento transformador β1, um componente chave na formação de cicatrizes hipertróficas. Portanto, especulamos que as propriedades de alívio da tensão da toxina botulínica tipo A, juntamente com seus efeitos inibitórios diretos sobre os fibroblastos e a expressão do fator de crescimento transformador β1, contribuem para uma melhor aparência das cicatrizes cirúrgicas faciais.

Existem algumas limitações para o estudo. Primeiro, o trial foi pequeno, com apenas 14 pacientes participantes; estudos com uma amostra maior são necessários para confirmar os resultados. Em segundo lugar, como a largura da cicatriz pode não ser uniforme em todo o seu comprimento, foi analisado o valor médio das larguras mínima e máxima, o que pode não ter sido uma representação precisa de toda a cicatriz.

Mesmo assim, este estudo indica que a injeção pós-cirúrgica precoce da toxina botulínica produz uma cicatriz cirúrgica facial melhor e mais estreita. Outros estudos adicionais podem se concentrar na comparação dos efeitos da toxina botulínica tipo A em cicatrizes cirúrgicas em diferentes planos de injeção e em diferentes localizações anatômicas faciais.

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Referências:

  • Effects of Botulinum Toxin on Improving Facial Surgical Scars: A Prospective, Split-Scar, Double-Blind, Randomized Controlled Trial. Hu, Li Ph.D., M.D.; Zou, Yun M.D.; Chang, Shih-Jen M.D.; Qiu, Yajing M.D.; Chen, Hui Ph.D., M.D.; Gang, Ma Ph.D., M.D.; Jin, Yunbo Ph.D., M.D.; Lin, Xiaoxi Ph.D., M.D. Plastic and Reconstructive Surgery: March 2018 – Volume 141 – Issue 3 – p 646–650. doi: 10.1097/PRS.0000000000004110. Cosmetic: Ideas and Innovations
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