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Cardiologia21 março 2025

Perda auditiva após cirurgia cardíaca 

Revisão sistemática analisou a frequência da ocorrência de perda auditiva em pacientes que passaram por cirurgia de coração aberto
Por Juliana Avelar

Os distúrbios auditivos são divididos em dois tipos: perda auditiva condutiva e perda auditiva neurossensorial (PANS). A PANS é um conjunto de distúrbios auditivos comuns causados por disfunção do ouvido interno, do nervo auditivo ou da via de processamento auditivo no sistema nervoso central. Uma das complicações pós-cirúrgicas é a PANS, que, de acordo com estudos anteriores, tem uma prevalência de um caso para cada mil pessoas, sendo frequentemente uma perda auditiva súbita.  

Esse distúrbio é observado após a cirurgia cardíaca aberta com circulação extracorpórea (CEC). Algumas fontes acreditam que a causa dos distúrbios auditivos está relacionada a êmbolos originados do dispositivo de circulação extracorpórea ou à redução do suprimento sanguíneo ao ouvido interno.  

Em alguns estudos, a incidência de perda auditiva severa após a cirurgia cardíaca aberta foi relatada como 0,1%. Além disso, estudos mostraram que fatores como a idade do paciente, a redução da temperatura central e periférica durante o uso da CEC, tempo de CEC e hipotensão podem afetar a audição após a cirurgia cardíaca. 

Considerando o aumento do número de procedimentos de revascularização miocárdica no mundo e evidências conflitantes sobre o risco de surdez, foi conduzida, no Irã, uma revisão sistemática sobre o assunto. 

Métodos 

Os seguintes critérios de inclusão foram aplicados: (a) estudos publicados sem limite de tempo até 2021; (b) estudos que relataram a porcentagem de perda auditiva após cirurgia cardíaca aberta; (c) estudos observacionais e intervencionistas com critérios de perda auditiva baseados em audiometria; (d) documentos em inglês ou persa. 

Resultados 

Foram selecionados 16 artigos para análise de dados. Três artigos eram relacionados a crianças. Foram incluídos 7.712 pacientes com idade entre 20 e 81 anos. De 8.923 pacientes submetidos à cirurgia cardíaca aberta, a perda auditiva foi relatada em 431 (4,8%) pacientes. O tempo mínimo de cirurgia relatado nesses estudos foi de 21 minutos, e o máximo, de 289 minutos. 

Alguns estudos mostraram que o aumento do tempo de CEC pode influenciar a ocorrência de perda auditiva. 

Importante destacar que a frequência de perda auditiva em crianças de dois a cinco anos após a cirurgia cardíaca aberta foi estimada em aproximadamente 21,6% neste estudo, um percentual muito elevado e que, portanto, exige atenção. 

A audição humana abrange a faixa de frequência de 20 a 20.000 Hz, e, na maioria dos casos, a perda auditiva após a cirurgia cardíaca aberta afeta a faixa máxima de audição, reduzindo assim a capacidade do paciente de ouvir sons com frequências acima de 1.000 Hz. 

Outro achado importante foi a diferença na alteração da capacidade auditiva de acordo com o sexo. Na maioria dos estudos, a alteração do limiar auditivo em todas as frequências e em ambos os ouvidos é mais comum em homens do que em mulheres.   

Limitações 

Por conta da diversidade dos métodos utilizados nos estudos incluídos, não foi possível realizar uma meta-análise, o que constitui outra limitação do estudo. 

Surdez após cirurgia cardíaca 

Imagem de freepik

Conclusão: perda auditiva após cirurgia cardíaca

A revisão confirma que a ocorrência de alterações auditivas em pacientes após a cirurgia cardíaca aberta não é inesperada, principalmente em pacientes do sexo masculino submetidos a tempo prolongado de CEC.

Autoria

Foto de Juliana Avelar

Juliana Avelar

Médica formada pela Universidade Federal Fluminense (UFF). Cardiologista pelo Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia

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