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Queixas oftalmológicas são comuns na prática clínica, mas muitos médicos não oftalmologistas se sentem desconfortáveis em atender esses pacientes devido à falta de equipamento e treinamento necessário para uma melhor avaliação ocular.
Por outro lado, as queixas oftalmológicas podem ser a ponta de um iceberg e os oftalmologistas devem estar preparados para diagnosticar e tratar doenças sistêmicas. Separamos aqui algumas situações de interseção clínico-oftalmológica em um plantão de emergência.
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Perda súbita da visão após os 50 anos de idade:
A perda da visão pode ser aguda (< 24h) ou “persistente” (> 24h). Os casos agudos são também chamados de amaurose fugax e têm como fisiopatologia uma lesão vascular isquêmica. Como regra geral, perdas monoculares sugerem lesão anterior ao quiasma óptico (olho, retina, nervo óptico), enquanto lesões binoculares sugerem lesões posteriores (trato óptico, região occipital). Separamos as causas sistêmicas na Tabela 1 e as causas oftalmológicas na Tabela 2.
Tabela 1: causas sistêmicas de perda súbita da visão
Doença | Mecanismo | Dicas |
AVC e AIT | Trombose ou embolia | Hemianopsia;
Fatores de risco. |
Papiledema | Compressão do nervo óptico | Fundo de olho;
Dura poucos segundos. |
Vasoespasmo retiniano | Isquemia transitória | Déficit em “cortina”: parece que está descendo uma cortina na visão do paciente |
Arterite células gigantes | Vasculite | Idoso, VHS alto, anemia;
Cefaleia; Claudicação mandíbula. |
Enxaqueca | Isquemia transitória | Aura;
Cefaleia típica. |
Epilepsia | Atividade convulsiva SNC | Aura visual (ex.: pontos cintilantes na visão);
Estado pós-ictal. |
Tabela 2: causas oftalmológicas de perda súbita da visão
Doença | Hiperemia | Dor | Reflexos |
Glaucoma | Sim | Intensa | Diminuído ou fixo |
Uveíte | Sim | Leve/Moderada | Normal ou diminuído |
Neurite óptica | Não | Leve/Moderada | Defeito aferente relativo |
Descolamento da Retina | Não | Não | Normais |
Hemorragia Vítrea | Não | Não | Normais |
Doença da córnea | Sim | Leve/Moderada | Normais |
Oftalmoplegia dolorosa:
O paciente com oftalmoplegia queixa-se, em geral, de diplopia. Há diversas causas para a paralisia dos pares cranianos III, IV e VI. Contudo, se houver dor ocular associada, há um risco maior de doenças graves. Veja na tabela abaixo as principais causas de oftalmoplegia dolorosa:
Tabela 3: causas de oftalmoplegia dolorosa
Doença | Dica |
Trauma | História clínica |
Vascular | Pode ser congênito (aneurisma) ou adquirido (AVC/AIT).
Nos aneurismas cerebrais, atenção para a “pior cefaleia da vida”. |
Arterite Células Gigantes | Idoso, com anemia, VHS alto, cefaleia e claudicação de mandíbula.
Perda visual é comum. |
Neoplasia | Há diversas manifestações clínicas.
O mais comum são neoplasias do SNC. |
Infecção | Atenção para sinusite ou processo odontogênico associado, pois podem progredir com tromboflebite séptica e acometimento nervo óptico.
Mucormicose é causa de sinusite “fria” em pacientes com DM mal controlado. |
Veja também: ‘Relembre os avanços em Oftalmologia no último ano’
Síndrome do olho vermelho:
Talvez a principal causa de visita de urgência ao oftalmologista, é pouco comum que traduza uma doença sistêmica. Listamos abaixo os principais diagnósticos diferenciais:
Conjuntivite | Uveíte Anterior | Glaucoma Ângulo Fechado | Ceratite | |
Secreção | Sim | Não | Não | Eventualmente |
Visão | Normal | Reduzida | Muito reduzida | Normal ou Reduzida |
Dor | Leve | Moderada | Intensa | Moderada |
Tamanho Pupila | Normal | Pequena | Médio-Fixa ou dilatada | Normal ou pequena |
Reação pupilar à luz | Normal | Reduzida | Ausente | Normal |
Pressão Intraocular | Normal | Pode estar alterada | Elevada | Normal |
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