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Cardiologia19 junho 2017

Queixas oftalmológicas e doenças sistêmicas na emergência: você consegue reconhecer?

Queixas oftalmológicas são comuns na prática clínica, mas muitos médicos não oftalmologistas se sentem desconfortáveis em atender esses pacientes

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Queixas oftalmológicas são comuns na prática clínica, mas muitos médicos não oftalmologistas se sentem desconfortáveis em atender esses pacientes devido à falta de equipamento e treinamento necessário para uma melhor avaliação ocular.

Por outro lado, as queixas oftalmológicas podem ser a ponta de um iceberg e os oftalmologistas devem estar preparados para diagnosticar e tratar doenças sistêmicas. Separamos aqui algumas situações de interseção clínico-oftalmológica em um plantão de emergência.

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Perda súbita da visão após os 50 anos de idade:

A perda da visão pode ser aguda (< 24h) ou “persistente” (> 24h). Os casos agudos são também chamados de amaurose fugax e têm como fisiopatologia uma lesão vascular isquêmica. Como regra geral, perdas monoculares sugerem lesão anterior ao quiasma óptico (olho, retina, nervo óptico), enquanto lesões binoculares sugerem lesões posteriores (trato óptico, região occipital). Separamos as causas sistêmicas na Tabela 1 e as causas oftalmológicas na Tabela 2.

Tabela 1: causas sistêmicas de perda súbita da visão

DoençaMecanismoDicas
AVC e AITTrombose ou emboliaHemianopsia;

Fatores de risco.

PapiledemaCompressão do nervo ópticoFundo de olho;

Dura poucos segundos.

Vasoespasmo retinianoIsquemia transitóriaDéficit em “cortina”: parece que está descendo uma cortina na visão do paciente
Arterite células gigantesVasculiteIdoso, VHS alto, anemia;

Cefaleia;

Claudicação mandíbula.

EnxaquecaIsquemia transitóriaAura;

Cefaleia típica.

EpilepsiaAtividade convulsiva SNCAura visual (ex.: pontos cintilantes na visão);

Estado pós-ictal.


Tabela 2: causas oftalmológicas de perda súbita da visão

DoençaHiperemiaDorReflexos
GlaucomaSimIntensaDiminuído ou fixo
UveíteSimLeve/ModeradaNormal ou diminuído
Neurite ópticaNãoLeve/ModeradaDefeito aferente relativo
Descolamento da RetinaNãoNãoNormais
Hemorragia VítreaNãoNãoNormais
Doença da córneaSimLeve/ModeradaNormais


Oftalmoplegia dolorosa:

O paciente com oftalmoplegia queixa-se, em geral, de diplopia. Há diversas causas para a paralisia dos pares cranianos III, IV e VI. Contudo, se houver dor ocular associada, há um risco maior de doenças graves. Veja na tabela abaixo as principais causas de oftalmoplegia dolorosa:

Tabela 3: causas de oftalmoplegia dolorosa

DoençaDica
TraumaHistória clínica
VascularPode ser congênito (aneurisma) ou adquirido (AVC/AIT).

Nos aneurismas cerebrais, atenção para a “pior cefaleia da vida”.

Arterite Células GigantesIdoso, com anemia, VHS alto, cefaleia e claudicação de mandíbula.

Perda visual é comum.

NeoplasiaHá diversas manifestações clínicas.

O mais comum são neoplasias do SNC.

InfecçãoAtenção para sinusite ou processo odontogênico associado, pois podem progredir com tromboflebite séptica e acometimento nervo óptico.

Mucormicose é causa de sinusite “fria” em pacientes com DM mal controlado.

Veja também: ‘Relembre os avanços em Oftalmologia no último ano’

Síndrome do olho vermelho:

Talvez a principal causa de visita de urgência ao oftalmologista, é pouco comum que traduza uma doença sistêmica. Listamos abaixo os principais diagnósticos diferenciais:

ConjuntiviteUveíte AnteriorGlaucoma Ângulo FechadoCeratite
SecreçãoSimNãoNãoEventualmente
VisãoNormalReduzidaMuito reduzidaNormal ou Reduzida
DorLeveModeradaIntensaModerada
Tamanho PupilaNormalPequenaMédio-Fixa ou dilatadaNormal ou pequena
Reação pupilar à luzNormalReduzidaAusenteNormal
Pressão IntraocularNormalPode estar alteradaElevadaNormal

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