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Cardiologia20 julho 2022

Desafio de ECG – qual a arritmia mostrada?

Paciente de 65 anos, hipertenso, chega ao seu consultório com queixa de palpitações ocasionais. Traz em sua primeira consulta o seguinte eletrocardiograma que realizou em uma de suas idas ao pronto socorro.

Por Gabriela Rassi

Paciente de 65 anos, hipertenso, chega ao seu consultório com queixa de palpitações ocasionais. Traz em sua primeira consulta o seguinte eletrocardiograma que realizou em uma de suas idas ao pronto socorro.

[yop_poll id=”13″]↓↓↓↓↓↓↓↓↓↓↓↓↓↓↓↓↓↓↓↓↓↓↓↓↓↓↓↓↓↓↓Resposta: Uma das características mais marcantes desse eletrocardiograma é a ausência de uma linha de base e a presença de um padrão em “serrilhado” (também chamadas de “ondas F”) característico do flutter atrial (mais visível em DII, DIII e AVF). A atividade atrial apresenta frequência em torno de 300 bpm (de forma prática, nota-se que a atividade atrial se repete a cada quadrado de 5 mm).Já a frequência ventricular está em torno de 75 bpm. Logo, podemos dizer que estamos diante de um flutter atrial com condução atrioventricular 4:1. Isso quer dizer que a cada quatro estímulos provenientes dos átrios, apenas um é transmitido aos ventrículos.O flutter atrial corresponde a uma taquicardia supraventricular causada por um circuito de reentrada no átrio direito. O comprimento do circuito de reentrada corresponde ao tamanho do átrio direito, o que resulta habitualmente em uma frequência atrial de cerca de 300 bpm.Pode ser classificado como flutter atrial típico e atípico. O flutter atrial típico é aquele que envolve o istmo cavotricuspídeo em seu circuito e pode ser horário ou anti-horário. A maioria apresenta rotação anti-horária, que é caracterizada por ondas F negativas em DII, DIII e AVF (assim como o ECG apresentado acima).O manejo desses pacientes na emergência é semelhante aos pacientes que apresentam fibrilação atrial.Habitualmente opta-se pela cardioversão elétrica sincronizada (CVES) por apresentar altas taxas de sucesso imediato. Por ser uma arritmia com circuito bem organizado, necessita de baixas energias para sua reversão (50 a 100 J normalmente são suficientes).De forma resumida, pode-se realizar o manejo da seguinte forma:

  • Se paciente instável → realizar CVES prontamente;
  • Se paciente estável → avaliar status de anticoagulação oral:
    • Se uso prévio: realizar CVES;
    • Sem anticoagulação prévia: iniciar para todos e avaliar tempo de início da arritmia:
      • Fibrilação atrial / flutter atrial < 48 horas:
        • Realizar CVES
      • Fibrilação atrial / flutter atrial > 48 horas ou duração incerta:
        • Realizar a CVES após:
          • Ecocardiograma transesofágico confirmar ausência de trombo em átrio ou apêndice atrial esquerdo; ou 3 semanas de anticoagulante oral;

É menos preferível que se utilize drogas antiarrítmicas, como por exemplo a propafenona, pois a mesma pode facilitar a conversão da arritmia para uma condução AV 1:1 (lentifica-se a frequência atrial, porém sem bloqueio da condução pelo nó AV).Após a reversão para ritmo sinusal, mantém-se o anticoagulante oral por pelo menos 4 semanas naqueles pacientes com CHA2DS2-VASc 0 (sexo masculino) ou 1 (sexo feminino) e por tempo indeterminado para aqueles com CHA2DS2-VASc ≥ 1 (sexo masculino) ou ≥ 2 (sexo feminino).Devido à alta taxa de recorrência do flutter atrial a longo prazo e por sua alta taxa de sucesso com baixa taxa de complicações, o tratamento definitivo com ablação por cateter com radiofrequência é o tratamento de escolha para a maioria dos pacientes.Fonte:2020 American Heart Association Guidelines for Cardiopulmonary Resuscitation and Emergency Cardiovascular Care. Circulation. 2020 Oct 20;142(16_suppl_2).Robert Phang, MD, FACC, FHRS; Jordan M Prutkin, MD, MHS, FHRS. Overview of atrial flutter, Uptodate.

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