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Um estudo britânico analisou que os limites de consumo de álcool recomendados pelas diretrizes nacionais pode não ser o mais seguro. Para definir limites de consumo alcoólico que diminuam as chances de mortes por causas gerais e por doença cardiovascular, foi realizado uma triagem com mais de 599.912 consumidores atuais de bebidas alcoólicas que não possuem problemas de coração prévios.
Análises
O estudo pegou dados de participantes de três fontes de dados de grande escala em 19 países de alta renda (o Emerging Risk Factors Collaboration, EPIC-CVD, e o UK Biobank). Eles caracterizaram as associações da dose-resposta e as razões de risco calculadas (HRs) por 100 g por semana de álcool (12,5 unidades por semana) em 83 estudos prospectivos.
Para esclarecer as unidades de álcool, vide tabela abaixo:
Bebida | Medida | Volume | Unidades |
---|---|---|---|
cerveja | 1 lata | 350ml | 1.7 |
vinho | 1 cálice | 90ml | 1.1 |
destilados | 1 dose | 35ml | 2 |
Consumo de álcool e doenças cardiovasculares: o que dizem os estudos
Os participantes precisavam fornecer informações diversas para o estudo, tais como: sobre seu consumo e status de álcool (ou seja, quem não bebe versus os que bebem atualmente), idade, sexo, história de diabetes e tabagismo e não ter histórico doença cardiovascular.
O foco das análises eram os consumidores de bebidas alcoólicas atuais, que tiveram seu consumo de álcool separados em oito grupos pré-definidos de acordo com a quantidade em gramas consumidos por semana. A finalidade era relacionar o consumo de bebidas com a mortalidade por todas as causas, por doença cardiovascular total e por todos os subtipos de doença cardiovascular.
Conclusão
Nos 599 912 consumidores de álcool incluídos na análise, ocorreu um número de 40.310 mortes e 39.018 incidentes relacionados à doenças cardiovasculares durante o período de acompanhamento (5.4 milhões de pessoas/ano).
Em relação à mortalidade por todas as causas, registrou-se uma associação positiva e curvilínea com o nível de consumo de álcool, sendo que o risco mínimo de mortalidade está em torno ou abaixo de 100g por semana. O consumo de álcool foi mais ou menos linearmente associado a um maior risco de acidente vascular cerebral (HR por 100 g por semana, maior consumo 1 · 14, 95% CI, 1 · 10–1 · 17), doença coronariana excluindo infarto do miocárdio (1 · 06, 1 · 00–1 · 11), insuficiência cardíaca (1 · 09, 1 · 03–1 · 15), doença hipertensiva fatal (1 · 24, 1 · 15–1 · 33) e aneurisma aórtico fatal (1, 15, 1, 03, 1 e 28). Por outro lado, o aumento do consumo de álcool foi logarítmico-linearmente associado a um menor risco de infarto do miocárdio (HR 0,94, 0,991-0,9).
Em comparação com aqueles que relataram beber menos de 100 g por semana, os que relataram beber entre 100 g e 200 g por semana, entre 200 e 350 g por semana e mais de 350 g por semana tiveram uma redução na expectativa de vida aos 40 anos de aproximadamente 6 meses, 1 a 2 anos e 4 a 5 anos, respectivamente. Esses dados sugerem que os limites de consumo de álcool deve ser menor do que os sugeridos na maior parte das diretrizes atuais.
Referências:
Risk thresholds for alcohol consumption: combined analysis of individual-participant data for 599 912 current drinkers in 83 prospective studies
Wood, Angela MWood, Angela M et al.
The Lancet , Volume 391 , Issue 10129 , 1513 – 1523
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