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No congresso da AHA 2018, foi publicado um estudo (DECLARE-TIMI 58) para avaliar os efeitos cardiovasculares da dapaglifozina, um dos inibidores da SGLT2, no tratamento de diabetes. O estudo foi multicêntrico e selecionou pacientes com diabetes tipo 2, idade > 40 anos, glicada 6,5-12%, TFGe > 60 ml/min, e presença de doença cardiovascular e/ou múltiplos fatores de risco. A dose utilizada de dapaglifozina foi 10 mg/dia.
Os resultados mostraram redução no risco de desenvolver insuficiência cardíaca e piora da função renal. Contudo, ao contrário do estudo EMPA-REG, não houve redução na mortalidade cardiovascular.
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Amputações, fraturas e câncer não foram observados com a droga, mas houve os já conhecidos riscos de infecções genitais/urinárias e cetoacidose. A incidência de cetoacidose foi baixa, menos de 1%.
O que este estudo agrega na prática?
Em linha com uma metanálise recente publicada no Lancet, os inibidores da SGLT2 confirmam seu benefício cardiovascular. O que intriga os pesquisadores é o mecanismo. A redução glicêmica é pequena, cerca 0,5-0,6% na glicada, e é pouco provável que isso isoladamente traga tanto benefício. Para a maioria, é o efeito natriurético/diurético a grande “sacada”. Foi nos pacientes com pior função renal de base que os iGLT2 mostraram maior efeito protetor de piora da TFGe e do risco de IC.
Mas para reduzir IC seria necessária uma droga tão cara? E se eles fossem comparados a outros diuréticos? Para isso não temos evidência ainda. É bom lembrar que em trials de hipertensão, a clortalidona também reduziu risco de IC, até mais que outras classes. Por enquanto, há uma tendência, no paciente cardiopata, a utilizar os inibidores da SGLT2 como “segunda droga”, após a metformina.
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Referências:
- ZELNIKER, Thomas et all. SGLT2 inhibitors for primary and secondary prevention of cardiovascular and renal outcomes in type 2 diabetes: a systematic review and meta-analysis of cardiovascular outcome trials. The Lancet, 10 de novembro. https://doi.org/10.1016/S0140-6736(18)32590-X
- WIVIOTT, Stephen et all. Dapagliflozin and Cardiovascular Outcomes in Type 2 Diabetes. The New England Journal od Medcine. DOI: 10.1056/NEJMoa1812389
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