O ômega 3, também conhecido como óleo de peixe (fish oil), é um suplemento composto por três ácidos gráxicos poli-insaturados e essenciais, o ácido alfa-linolênico (ALA), ácido eicosapentaenoico (EPA) e o ácido docosa-hexaenoico (DHA). Como qualquer substância essencial, não é produzido pelo nosso organismo e precisa ser adquirido através da dieta. A sua maior fonte está presente nos óleos de peixes (EPA e DHA), como sardinha e salmão, e nos óleos vegetais como sementes de canola, linhaça, girassol, milho e castanhas (ALA).
Todas as células do corpo necessitam de ômega 3, sendo as mais importantes as células do olho e do cérebro. Esse suplemento possui um grande papel na melhora do sistema cognitivo além de promover o equilíbrio do sistema imune, digestivo e reprodutor, atuando também como fornecedor de energia para o sistema músculo esquelético.
Análise recente
Um estudo atual realizado pela equipe do Dr. Xin Zhang, PhD, da Macau University of Science and Technology em Taipa, China, e publicado no Journal of the American Heart Association, relata que o consumo diário de aproximadamente 3 g de ômega 3, tanto na forma de suplemento como na dieta, pode promover a redução da pressão arterial. Os resultados desse estudo mostraram uma diminuição significativa na pressão arterial sistólica e diastólica principalmente nos indivíduos com idade superior a 45 anos e que aumentaram a ingesta de EPA e DHA diariamente.
Sabe-se que a ingesta diária de doses usuais de 1 g desse suplemento é necessária para a manutenção da pressão arterial em indivíduos normais, porém indivíduos com risco cardiovascular aumentado, são muito mais beneficiados com doses mais elevadas.
Esse estudo contou com a meta análise de 71 ensaios randomizados incluindo 4.973 participantes com idade superior a 18 anos. Esses ensaios selecionados analisaram a ligação entre a pressão arterial e o consumo de ômega 3, mais precisamente DHA, EPA isolados ou ambos. Sendo utilizado a nova técnica de pesquisa denominada “leave one out“.
Na análise dos resultados, evidenciou-se uma redução na pressão arterial sistólica de 2,61 mmHg e de 1,64 mmHg na pressão diastólica com doses de 2 g diárias de ômega 3. E uma redução de 2,61 mmHg na pressão sistólica e de 1,69 mmHg na diastólica com doses de 3 g diariamente. Sendo que doses superiores a 3 g diárias não demonstraram nenhum outro benefício adicional. Também evidenciaram que os pacientes mais idosos, hipertensos e com hiperlipidemia foram os que apresentaram os melhores resultados.
Conclusão
Apesar desses resultados não serem algo novo, os pesquisadores envolvidos relataram que estes foram bastante robustos e que devem ser levados em consideração em debates futuros sobre o uso de suplementação com ômega 3 na melhora de quadros cardiovasculares, uma vez que doses entre 2-3 g do suplemento demonstraram melhora significativa na redução da pressão arterial assim como nos índices de triglicerídeos.
Vale ressaltar que apesar dos resultados encontrados nesse estudo, muitos profissionais ainda têm grande ressalva em prescrever altas doses de ômega 3, mesmo para pacientes de risco, uma vez que esse suplemento também tem a adversidade de promover um risco aumentado de sangramento e de desencadear complicações como fibrilação atrial, principalmente em populações mais idosas que já apresentam tendência de desenvolver arritmias cardíacas e problemas de coagulação, especialmente em casos de pacientes com histórico de procedimentos cardíacos. Porém, vale a pena os profissionais de saúde manterem uma mente aberta para o uso consciente e terapêutico desse suplemento.
Como você avalia este conteúdo?
Sua opinião ajudará outros médicos a encontrar conteúdos mais relevantes.