Tempo de leitura: [rt_reading_time] minutos.
Desde o lançamento dos NOAC, a quantidade de novos estudos sobre anticoagulação na FA cresce exponencialmente. São novas drogas, novas indicações e reavaliação do custo x benefício a todo instante. Em novembro, a CHEST, importante revista do American College of Chest Physicians (ACCP), que reúne pneumologistas e cirurgiões de tórax, publicou uma diretriz com recomendações da ACO em pacientes com os diferentes tipos de fibrilação atrial.
O documento, muito completo, é claro e traz figuras bem didáticas. Quem for especialista, vale a leitura do texto. Na figura abaixo, fizemos um resumo prático dos princípios gerais da diretriz e abaixo trazemos alguns detalhes.
O “C” do CHA2DS2VASc diz respeito à insuficiência cardíaca descompensada recentemente, e não à fração de ejeção ou à presença de sintomas.
Em relação à cardioversão, não houve novidades. Mantém-se recomendação de anticoagular o paciente per-procedimento e no mínimo por quatro semanas depois. Naqueles com CHA2DS2VASc ≥ 1, manter a vida toda.
Pacientes com FA < 48h, faz-se cardioversão e ACO por quatro semanas. A diretriz aponta a falta de evidências para decidir a manutenção da ACO além desse período. Ela sugere que você individualize o caso, olhando o risco tromboembólico (CHA2DS2VASc), o risco de sangramento (HAS-BLEED) e o risco de recorrência da FA (idade, tamanho atrial, cardiopatia estrutural, etc).]
Leia mais: Fibrilação atrial: NOAC é eficaz em pacientes com múltiplas comorbidades?
A diretriz enfatiza muito a importância de tentar controlar e/ou modificar os fatores de risco para sangramento, como controle da PA, redução AINE e evitar uso concomitante de antiplaquetários. O risco de quedas, per se, não deveria ser único motivo para contraindicar a ACO.
Tabela 1. Escore SAMe-TT2R2:
S |
Sexo feminino |
1 |
A |
Age (idade) < 60 anos |
1 |
Me |
História Médica, definida pela presença de dois ou mais comorbidades: |
1 |
T |
Tratamento com drogas com interação – ex: amiodarona |
1 |
T |
Tabaco (tabagista nos últimos 2 anos) |
2 |
R |
Raça não-caucasiana |
2 |
*Pacientes com escore SAMe-TT2R2 > 2 apresentam maior chance de não conseguirem manter o INR na faixa alvo adequadamente. Ou seja, o ideal, é um SAMe-TT2R2 de 0 a 2.
Sobre a escolha do NOAC, não há grandes novidades, e a diretriz mantém as mesmas recomendações que as anteriores. No paciente “usual”, qualquer NOAC é adequado. Porém, em alguns subgrupos, há NOAC com melhores evidências em relação a outros, conforme tabela abaixo:
Tabela 2. Escolha do NOAC conforme comorbidade e perfil clínico:
AVCi recorrente a despeito de TTR com varfarina ≥ 65% | Dabigatrana 150 mg 2x/dia |
Doença renal crônica estágios 3b e 4 | Apixabana*
Dabigatrana* Edoxabana* Rivaroxabana* |
Alto risco sangramento gastrointestinal | Apixabana
Dabigatrana 110 mg 2x/dia |
Dispepsia e/ou sintomas gastrointestinais recorrentes | Apixabana
Rivaroxabana Edoxabana |
HAS-BLED ≥ 3 | Apixabana
Edoxabana Dabigatrana 110 mg 2x/dia |
*Todos com ajuste de dose conforme função renal.
É médico e também quer ser colunista do Portal da PEBMED? Inscreva-se aqui!
Como você avalia este conteúdo?
Sua opinião ajudará outros médicos a encontrar conteúdos mais relevantes.