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Cardiologia22 novembro 2017

Como interpretar o ECG de um atleta?

O eletrocardiograma (ECG) é hoje considerado estratégia de screening obrigatório para participação em esportes de alta performance.

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O eletrocardiograma (ECG) é hoje considerado estratégia de screening obrigatório para participação em esportes de alta performance. Com a crescente participação populacional em atividades como corrida, tem sido frequente pessoas “normais” praticaram 4 ou + horas de atividade física por semana. Nesta intensidade, o sistema cardiovascular pode apresentar alterações consequentes ao exercício regular e o ECG, por conseguinte, padrões variantes do normal que podem “assustar” médicos que não tenham estudado o assunto.

A principal modificação no sistema cardiovascular do esportista é o aumento do tônus vagal. Contudo, pode haver também aumento das câmaras cardíacas, da espessura e massa ventricular, do volume sistólico e da fração de ejeção. Essas alterações são mais pronunciadas em negro do que em brancos, em estudos feitos nos EUA. Pode ser difícil diferenciar quais destas alterações são benignas e quais indicam o início de uma cardiomiopatia, o grande fantasma da morte súbita em jovens. Por isso, o ECG é a etapa complementar ao exame físico/história indispensável e foi alvo de padronização por um grupo internacional. Eles dividiram as alterações em:

  1. Benignas: não necessitam de mais exames. Estão liberados.
  2. Duvidosas:
    Isolada: não é necessário investigar
    2 ou +: investigação é obrigatória
  3. Malignas: necessitam de interrupção da prática esportiva e investigação adicional, que na maioria das vezes envolve ecocardiograma, ressonância, Holter e teste ergométrico.

BENIGNAS

AlteraçãoComentário
Aumento amplitude QRSO critério de Sokolow não deve ser utilizado isoladamente para hipertrofia de VE ou VD

Só há suspeita se outras alterações estiverem presentes, como desvio ST ou onda T

BRD incompletoPode estar presente na população normal
Padrão de repolarização precoceCaracterizado por supraST (ponto J ≥ 1 mm)

Concavidade superior do supraST

Transição precoce QRS-ST

Ausência imagem em espelho

Onda T base larga e simétrica

Inversão onda TNegros americanos: quando associada a QRS amplo, supraST convexidade superior e inv.T V1-V4

Qualquer jovem < 16 anos de V1 a V3 apenas

Bradicardia sinusal ou arritmia sinusalDesde que FC ≥ 30 bpm e PR < 400 ms
BAV 1º grau ou 2º grau Mobitz IDesde que PR < 400 ms
Ritmo juncional ou atrial ectópicoAssintomática, transitória e com boa FC

DUVIDOSAS

AlteraçãoComentário
Desvio do eixo para esquerda-30 a -90 graus
Aumento átrio esquerdoÍndice de Morris V1 ou duração > 120 ms em D1 ou D2
Desvio eixo para direita> 120 graus
Aumento átrio direitoAmplitude P ≥ 2,5 mm em parede inferior
BRD completoQRS > 120 ms

MALIGNAS

AlteraçãoComentário
Inversão onda TTodas que não tiverem padrão benigno
InfraST≥ 0,5 mm em 2 ou + derivações contíguas
Onda Q patológicaRelação Q/R ≥ 0,25 e/ou duração ≥ 40 ms em 2 ou + derivações contíguas
BRE completo≥ 120 ms
QRS ≥ 140 msTodos, mesmo que sem padrão típico para BRE ou BRD
Onda EpsilonDeflexão baixa amplitude e curta duração entre ST e onda T em V1-V3

Leva à suspeita de displasia arritmogênica do VD

Padrão pré-excitaçãoPR < 120 ms com onda delta e/ou QRS ≥ 120 ms
QT prolongadoQTc ≥ 470 (H) ou 480 (M) ou qualquer QTc ≥ 500 ms
Padrão BrugadaVeja nossa revisão sobre o tema
FC sinusal < 30 bpmou com pausas sinusais > 3 seg
BAV 1º grau gravePR ≥ 400 ms
BAV 2º grau Mobitz II ou BAVTSintomático ou não
ESV (extra-sístoles ventriculares)≥ 2 ESV em 10 seg no ECG padrão
TSV, FA ou flutterSintomático ou não
Arritmia ventricular malignaInclui TV não sustentada

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Referências:

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