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Cardiologia23 fevereiro 2016

Alopurinol tem o potencial de reduzir o risco cardiovascular?

Texto enviado pelo Dr Tiago Midlej – especialista em Cardiologia pelo HCFMUSPEstudo publicado recentemente no Hypertension, o trabalho mostra uma interessante relação entre alopurinol, AVC e risco car…

Por Thiago Midlej

Texto enviado pelo Dr Tiago Midlej – especialista em Cardiologia pelo HCFMUSP

Estudo publicado recentemente no Hypertension, o trabalho mostra uma interessante relação entre alopurinol, AVC e risco cardiovascular.

Estudos pré-clínicos evidenciam que a hiperuricemia pode induzir aumento na incidência de HAS e eventos cardiovasculares na população geral podendo ser um fator de risco modificável para doença cardiovascular.

Alopurinol é usado para tratamento da gota, reduz a formação do ácido úrico inibindo a xantina oxidase. Em modelos experimentais, atenua a HAS induzida pela hiperuricemia. Alguns estudos tem chamado a atenção para redução da PA em pacientes adolescentes e adultos idosos assim como efeitos na vasculatura como regressão da hipertrofia de VE e melhora da função endotelial. Esses feitos são atribuídos à redução no stress oxidativo causado pela atividade da xantina oxidase.

O estudo retrospectivo incluiu pacientes com HAS > 65 anos, em um período de 10 anos. Variáveis como idade, tabagismo, história de doença cardíaca isquêmica, pressão arterial sistólica, uso de AINE e AAS, sexo e PA foram analisadas. Do total de 44406 pacientes, 2368 estavam em uso de alopurinol. Desses, 2032 foram analisados, sendo 1052 em uso de doses elevada e 980, doses baixa. Foi considerado alta dose > 300mg /dia e baixa dose <300mg/dia.

O uso do alopurinol foi associado a redução do risco de AVC e do risco de evento cardíaco (IAM e/ou SCA) quando comparados aos não expostos. Doses elevadas foram associadas a maiores reduções em relação aos que usaram baixa doses.

O tratamento com alopurinol foi associado à redução do risco de AVC e eventos cardíacos em adultos > 65 anos de idade com hipertensão.

Racional: acido úrico e radicais livres produzidos através da atividade da xantina oxidase estão envolvidas na patologia e patogênese da hipertensão. O ácido úrico tem demonstrado exercer efeitos na absorção de sódio renal e atividade do sistema renina angiotensia aldosterona. A xantina oxidase é uma fonte de espécies de radicais livres que contribui com o stress oxidadativo e injúria vascular, consequentemente, influenciando na HAS. Assim, a inibição da xantina oxidase e a redução dos níveis de ácido úrico podem reduzir a PA, via redução do stress oxidativo. Esse estudo chama atenção para um potencial efeito terapêutico do alopurinol em doses elevadas na proteção cardiovascular em adultos hipertensos. Por ser não randomizado e restrospectivo não traz força de evidência suficiente para mudar a prática clínica servindo como gerador de hipóteses. Estudos randomizados, controlados, particularmente com doses elevadas, são necessários para melhor entendimento.

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