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Cardiologia11 abril 2019

Ainda há espaço para ventilação boca a boca na PCR extra-hospitalar?

A AHA recomenda que em uma parada cardíaca (PCR) seja realizada apenas massagem cardíaca. Mas será que a respiração boca a boca também é eficaz? Descubra:

Por Ronaldo Gismondi

Tempo de leitura: [rt_reading_time] minutos.

Desde as diretrizes do ACLS 2010, a AHA recomenda que em uma parada cardíaca (PCR) “testemunhada” (ou seja, alguém viu a pessoa parar, o que é diferente de achá-la já desacordada) seja realizada apenas massagem cardíaca, sem ventilações, seja por socorristas leigos ou profissionais. Os fundamentos eram estudos mostrando mesma eficácia, mas maior taxa de pessoas prestando o socorro – muita gente fica receosa de participar se tiver que fazer boca a boca ou boca-máscara. Mas um estudo publicado recentemente na Circulation veio trazer fogo à esta discussão.

O estudo foi realizado na Suécia e teve um desenho observacional: ou seja, pegou casos da vida real e analisou como evoluíram. Foram incluídos pacientes com PCR extra-hospitalar “testemunhadas” e comparados três grupos: sem massagem cardíaca (RCP), apenas com massagem cardíaca e massagem + ventilação boca-máscara. Um total de 30 mil pacientes participaram do estudo. A população tinha idade média de 70 anos, 30% de mulheres, 70% de causas cardíacas da parada e ⅓ em FV/TV (menos que esperado). Os resultados foram bem interessantes:

  • Fazer algum tipo de RCP aumentou chance de sobrevida de 5% para 13% – mais que dobrou, mas muito pouco ainda.
  • Após 14 minutos entre chamar socorro e começar, fazer ou não RCP não mudou prognóstico.
  • Na análise bruta, fazer ou não ventilação não fez diferença. Mas, ajustando para fatores confundidores, como idade e sexo, a RCP com ventilação teve 20% a mais de chance de conseguir reverter a parada em relação ao grupo apenas com massagem cardíaca.
  • Só que houve um problema: o número de pessoas que participam de uma RCP completa foi bem menor. Isso acarreta um efeito paradoxal: apesar da “massagem apenas” ser menos eficaz, há tão mais pessoas participando, que a sobrevida final ficou boa nesse grupo.

Qual a mensagem prática?

Para a população como um todo, fica a mensagem: faça RCP sem ventilação. Isso garante eficácia mínima e motiva mais gente a participar, o que é vital para a sobrevida. Se você é socorrista treinado e, em especial, se houver causa respiratória, a RCP com ventilação é mais eficaz. Solução definitiva? Só se houver um ensaio clínica daqueles perfeitos.

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Referências:

  • RIVA, Gabriel et al. Survival in Out-of-Hospital Cardiac Arrest After Standard Cardiopulmonary Resuscitation or Chest Compressions Only Before Arrival of Emergency Medical Services: Nationwide Study During Three Guideline Periods. https://doi.org/10.1161/CIRCULATIONAHA.118.038179

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