AHA 2018: veja novidades da diretriz para manejo do colesterol
nova diretriz da American Heart Association (AHA) orienta que o controle do colesterol no sangue deve ser uma preocupação para todas as idades.
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A exposição a níveis elevados de colesterol ao longo da vida aumenta o risco de eventos cardíacos ou acidente vascular encefálico (AVE) e nova diretriz americana, publicada no dia 10 de novembro na Circulation, informa que o controle do colesterol no sangue deve ser uma preocupação para todas as idades.
A diretriz tem como principal objetivo ajudar os profissionais de saúde a prevenir, diagnosticar e tratar níveis elevados de colesterol. Um painel composto por 24 especialistas em ciência e saúde da American Heart Association (AHA) e de 11 outras organizações de saúde escreveu as recomendações de acordo com as evidências mais recentes para indivíduos em condições muito especificas e em risco cardiovascular.
Um em cada três adultos americanos tem níveis elevados de LDL colesterol (LDL), que contribui para o desenvolvimento de aterosclerose. Estudos sugerem que o nível ideal de LDL é inferior a 100 mg/dL para pessoas saudáveis e estudos demonstram que pessoas com um risco aumentado de doença cardíaca têm menor probabilidade de desenvolver doenças cardíacas e AVE quando recebem medicamentos para diminuir os níveis elevados de LDL.
Além dos fatores de risco bem estabelecidos, como tabagismo, hipertensão arterial e diabetes, a diretriz também sugere que “fatores que aumentam o risco”, como histórico familiar e outras condições de saúde sejam avaliados para se definir a melhor perspectiva do risco cardiovascular de uma pessoa nos próximos 10 anos. A diretriz recomenda que os médicos usem uma calculadora para fazer uma avaliação detalhada do risco cardiovascular em 10 anos e na ajuda para o desenvolvimento de um plano personalizado.
Para a maioria dos pacientes que não conseguem controlar os níveis de colesterol com dieta e exercício, podemos utilizar estatinas. Para pacientes com risco muito elevado, incluindo aqueles que já têm doença coronariana estabelecida, AVE ou dislipidemia familiar, podemos utilizar medicamentos adicionais como a ezetimiba e em casos muitos especiais os inibidores da pró-proteína PCSK9.
Não existem questionamentos que o uso de estatinas em pacientes com história prévia de doença cardiovascular irá trazer benefícios para esses pacientes. A grande questão é o uso de estatinas em pacientes que ainda não apresentaram um evento cardiovascular e essa decisão é mais difícil e necessita ser discutida de modo detalhado e personalizado com o paciente.
Em indivíduos com idade entre 40 a 75 anos sem uma cardiopatia evidente, a diretriz recomenda utilizar quatro classificações de risco: baixa, limítrofe, intermediária e alta. Quando o paciente encontra-se na faixa intermediária, e às vezes no limite, a diretriz recomenda que os médicos tenham uma discussão aprofundada com os pacientes sobre os possíveis benefícios das estatinas, considerando todos os fatores de risco. Se a incerteza persistir sobre o uso ou não de uma estatina, os médicos podem considerar a necessidade de realizar o escore de cálcio coronariano (ECC). O ECC é calculado com base na tomografia computadorizada do coração e na determinação da quantidade de placa de cálcio acumulada nas artérias do coração.
Para adultos jovens entre 20 e 39 anos, a diretriz recomenda um estilo de vida saudável, mantendo dieta e peso saudáveis e a realização regular de exercícios. Devido à falta de pesquisas para esse grupo etário mais jovem, as recomendações de estatina são reservadas para aqueles que apresentam um risco muito elevado.
O Professor Scott Grundy da Universidade do Texas durante apresentação no Congresso da AHA em Chicago destacou as principais características da Diretriz que são:
- A diretriz é toda baseada em evidências clínicas;
- Foi construída sobre a base de um estilo de vida saudável;
- LDL colesterol é o fator de risco dominante;
- Ensaios clínicos de medicamentos que reduzem o LDL tiveram prioridade; novas drogas que reduzem o LDL são promissoras com adjuntos para a terapia com estatina.
O Professor Scott também chamou atenção para as mensagens mais importantes (TOP 10) da Diretriz. Confira:
- Enfatizar um estilo de vida saudável para o coração ao longo de toda a vida utilizando dieta anti-aterogênica, controle do peso, atividade física regular e evitar o uso de fumo. Essas medidas reduzem o desenvolvimento de fatores do risco em indivíduos jovens e é considerada a primeira intervenção para controle da síndrome
metabólica. - Em pacientes com doença cardiovascular aterosclerótica (ASCVD) reduzir o LDL com estatinas de alta intensidade ou na maior dose tolerada. Nesses pacientes a meta é uma redução de 50% ou mais do LDL.•Definição de ASCVD – síndrome coronariana aguda, angina estável, revascularização arterial, AVE ou ataque isquêmico transitório, doença arterial periférica incluindo aneurisma da aorta de origem aterosclerótica.
- Em pacientes com risco muito alto para ASCVD utilize o ponto de corte de 70 mg/dL do LDL para considerar a associação de terapia não estatina a estatina.Terapia não estatina – ezetimiba e inibidores da pró proteína PCSK9. O paciente com muito alto risco é definido pela história de múltiplos eventos para ASCVD ou um evento maior para ASCVD e múltiplas condições de risco. Quando o LDL permanece ≥ 70mg/dL em uso de estatina na dose máxima tolerada, primeiro adicione ezetimiba. Se mesmo após uso de ezetimiba o LDL permanece ≥ 70mg/dL um inibidor da pró proteína PCSK9 pode ser utilizado. Lembrando que esse medicamento ainda possui um custo efetividade bastante baixo.
- Em pacientes com hipercolesterolemia primária severa (LDL ≥ 190mg/dL), iniciar estatina de alta intensidade, não sendo necessário nesses casos o cálculo do risco em 10 anos para ASCVD. Se o LDL permanece ≥ 100mg/dL é razoável nesses casos adicionar ezetimiba. Se o LDL permanece ≥ 100mg/dL após uso de ezetimiba + estatina o PCSK9 pode ser considerado.
- Em pacientes diabéticos com idade entre 40-75 anos com LDL ≥ 70mg/dL iniciar estatina em moderada intensidade.Nesses casos também não é necessário o cálculo do risco em 10 anos para ASCVD.
Se o paciente tem risco mais elevado devido múltiplos fatores de risco ou está entre 50 – 75 anos de idade então considere estatina de alta intensidade para alcançar a meta de redução do LDL em ≥ 50%.
Em pacientes com idade entre 40-75 anos fazer o cálculo do risco cardiovascular em 10 anos para ACVD
•≤ 5% – risco baixo
•5 – <7,5% – risco limítrofe
•7,5 – <20% – risco intermediário
•≥ 20% – alto riscoO acesso ao calculador pode ser feito em http://www.cvriskcalculator.com/ - Faça uma discussão médico – paciente sobre risco antes de iniciar estatinaTópicos a serem discutidos: Maiores fatores de risco e o risco em 10 anos para ASCVD, benefícios da mudança do estilo de vida e do uso de estatinas, potenciais efeitos colaterais e interações medicamentosas, custo da terapia, crescimento de fatores de risco que favorecem a terapia com estatina, potencial utilidade do escore de cálcio coronariano, preferência do paciente para tomada de decisão compartilhada.
- Em pacientes com idade entre 40-75 anos com risco em 10 anos ≥7,5%.Em pacientes com risco intermediário se a discussão com o paciente for a favor da estatina inicie a estatina em moderada intensidade.
•Meta – redução do LDL >30%.
•Se o status do risco é incerto considere a utilização do escore de cálcio coronariano.
•Em pacientes com idade entre 40-75 anos com risco em 10 anos ≥20%.
•Inicie a estatina em alta intensidade.
•Meta – redução do LDL >50%. - Fatores que aumentam o risco em pacientes com risco intermediário:
História familiar de ASCVD, LDL colesterol ≥160mg/dL, síndrome metabólica, doença renal crônica, história de pré eclampsia, menopausa prematura (< 40 anos), grupos étnicos de alto risco (Sul asiáticos), triglicerídeos ≥175mg/dL, doenças inflamatórias crônicas (artrite reumatóide, psoríase, HIV crônica), se medidos em pacientes selecionados: PCR US >2mg/L, Apo B ≥130mg/dL. - Pacientes com risco intermediário com escore de cálcio coronariano positivo.
•Um escore de 1 a 99 em indivíduos > 55 anos fala a favor do uso de estatina.
•Um escore > 100 (ou percentil 75) justifica o uso de estatina.
•Pacientes com risco intermediário e escore zero estatina pode ser retirada ou seu inicio adiado. Exceto para os pacientes fumantes, diabéticos ou com forte história familiar de ASCVD. - Avaliar aderência e calcular o percentual de resposta no LDL a mudanças de estilo de vida e uso de medicamentos.
•Repetir medidas dos lipídios 4 – 12 semanas após iniciar estatina ou ajustes de doses.
•Após ajustes repetir medidas a cada 3 – 12 meses.
•Calcular respostas como redução percentual no LDL em relação a dosagem basal.
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Referências:
- 2018 ACC/AHA/AACVPR/AAPA/ABC/ACPM/ADA/AGS/ APhA/ASPC/NLA/PCNA Guideline on the Management of Blood Cholesterol: A Report of the American College of Cardiology Foundation/American Heart Association Task Force on Clinical Practice Guidelines. J Am Coll Cardiol2018;Nov 10:[Epub ahead of print].
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