Uma das palestras mais interessantes do ACP 2023 foi sobre raciocínio clínico e métodos para reduzir nossos vieses cognitivos. Dados apresentados estimam que erros de diagnóstico ocorrem em até 10% dos atendimentos, com uma mortalidade anual que pode chegar a 80 mil pessoas/ano nos EUA. As causas mais comuns de erro são aqueles inesperados ou pelo acaso (5 a 10%), problemas no sistema de saúde de forma geral (40%) e os erros cognitivos, responsáveis por metade dos casos.
Ouça agora: O raciocínio clínico na emergência [podcast]
Os principais fatores de risco para vieses cognitivos são:
- Excesso de trabalho e/ou atendimentos;
- Falta de tempo;
- Transferência entre setores/unidades;
- Estresse;
- Casos complexos;
- Pacientes rotulados como “difíceis”.
Os principais vieses cognitivos são:
- Fechamento precoce;
- Ancoragem em diagnósticos prévios;
- Disponibilidade ou de memória;
- Emocionais;
- “De confirmação”;
- Enquadramento (ou moldura).
As seguintes estratégias podem ajudar a minimizar sua ocorrência:
- Estabeleça um processo de raciocínio clínico estruturado: construa sua lista de problemas, monte os diagnósticos diferenciais e avalie quais são mais ou menos prováveis.
- Veja se as peças do quebra-cabeça se encaixam: sua hipótese principal explica tudo o que o paciente tem? O que se encaixa bem e o que não sei encaixa? Há algo faltando?
- Faça discussões em equipe dos casos difíceis. Reforce os processos e protocolos do setor de qualidade do seu hospital. Treine sua equipe em comunicação eficaz, seja médico-paciente, seja das equipes médicas entre si. As trocas de plantão e as transferências internas são os principais momentos de perda ou erro de informação.
- Seja cético ou incrédulo. Não acredite em tudo à primeira vista. Cheque e reconfirme os dados: “trust but verify”. Revise a literatura sobre o assunto.
Confira aqui a cobertura completa do ACP 2023!
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