Nesta quinta-feira (27) começou a edição de 2023 do congresso anual da American College of Physicians, em San Diego, Estados Unidos. A primeira palestra do ACP 2023 foi com o professor David Reuben, da Universidade de Los Angeles, sobre o manejo de idosos com fragilidade e multicomorbidades. O primeiro conceito importante está nas definições:
- Caquexia: síndrome de estado catabólico, com perda ponderal e resposta inflamatória crônica. Comumente associada com neoplasia nesta faixa etária. O diagnóstico é clínico e apoiado pelo índice de massa corporal e outras medidas comuns de antropometria.
- Carcopenia: perda principalmente de massa muscular, o que está associado com perda funcional, quedas e mortalidade. Bioimpedância e DEXA são bons métodos para medição.
- Multicomorbidade: considerada um problema maior quando há cinco ou mais doenças na “lista”. Estima-se que 20 a 30% dos idosos encaixem-se nesta definição. Há maior risco de interação medicamentosa, perda funcional e mortalidade. Diagnóstico clínico.
- Fragilidade: pode acometer as funções físicas e cognitivas. Na parte física, há fadiga mais precoce, redução das atividades diárias, perda da marcha e aumento no grau de dependência. Na parte cognitiva, diz respeito à perda da capacidade de processamento das informações e das funções executivas e pode se sobrepor ou não a um quadro clássico de demência. Há muitas ferramentas para diagnosticar e dúvidas sobre a melhor delas.
Mensuração e classificação
Uma grande dúvida atual é em como medir e classificar a fragilidade. Há mais de 60 métodos publicados até então. Qual é o melhor? Como ser prático? Os conceitos envolvem perda de peso, fadiga, redução de atividades diárias (medida em kcal consumidas por dia), fraqueza (redução na força de preensão) e lentidão na marcha (em passos/minuto). Como a medida direta é pouco prática, o professor recomenda no dia a dia usar escalas, como o FRAIL, SOF e a “Clinical Frailty Scale”, que medem a percepção do paciente e/ou do seu cuidador e têm boa correlação com os métodos objetivos diretos.
O professor sugere avaliar com o paciente e sua família:
- Há algo que queiram mudar ou melhorar?
- Se sim, isso é factível, é algo modificável?
Se sim, a ideia é traçar planos de cuidados. Exemplos comuns são ajustes na alimentação e peso, atividade física, mudança de medicações e terapia ocupacional. Por outro lado, é contra intervenções como GH ou testosterona. Mas se for algo irreversível, como demência, é necessário traçar um plano realístico do que é possível e factível – “SMART”: específico, mensuráveis, alcançáveis, relevantes e com tempo possível de ocorrer.
O ponto é mudar o cuidado de “centrado na doença” para “centrado no paciente e seus objetivos”.
Confira aqui a cobertura completa do ACP 2023!
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