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A hipotensão é evento comum na terapia intensiva e todo plantonista raiz sabe que na hipotensão grave (leia-se = com aminas) é fundamental a medida invasiva e contínua da pressão arterial, vulgo “PAM”. Mas as evidências têm mostrado que a medida não invasiva (NIBP) pode ser uma alternativa confiável.
Há três métodos de medida da PA não invasiva:
- Auscultatório/palpatório
- Oscilométrico
- Fotoplestimografia
Na terapia intensiva, é o método oscilométrico que ganha destaque. Em um excelente artigo na Chest, Lakhal e cols revisaram os estudos sobre uso da NIBP oscilométrica na terapia intensiva. Nós preparamos para você um resumo prático com os principais pontos do artigo.
- O método oscilométrico depende fundamentalmente de um tamanho de cuff apropriado. Tanto no comprimento como na largura. Por isso, se o paciente for de extremos de idade ou peso, e seu hospital não tiver o manguito adequado, não use! Cuff muito largo subestima a PA e cuff muito pequeno/estreito, superestima.
- A oscilometria mede diretamente a PA média, a partir do ponto de maior amplitude da onda de pulso. A PA sistólica e diastólica são derivadas a partir de cálculos matemáticos. Por isso, com a NIBP, confie na média da PA. Aliás, é ela seu endpoint na maior parte dos cenários (em geral > 65-70 mmHg, como sepse, trauma, TCE etc).
- A ISO define como um aparelho confiável aquele cujas medidas são reprodutíveis e com precisão de até 5 mmHg em relação ao padrão ouro. Os equipamentos oscilométricos automáticos preenchem este critério! Mais do que isso, mesmo em situações especiais há estudos mostrando a confiabilidade da NIBP:
- Já as medidas de NIBP em coxa e tornozelo podem ser utilizadas como exceção, mas não são tão precisas como a medida braquial.
Imagino que vocês devam estar surpresos com esta informação. Eu também! Por mais que as evidências sejam provas, nunca há uma verdade absoluta. Minha opinião como autor: a prioridade é restabelecer perfusão – fazer volume, começar amina, drenar cavidades etc. Não perca isso de vista. A PAM invasiva é secundária, vem depois, mas ainda é fundamental com doses crescentes de amina, necessidade de gasometria arterial repetida e/ou quando o aparelho de NIBP não consegue fazer medidas adequadas, principalmente no paciente mais instável. Nos demais, pode usar a NIBP.
Referência:
http://journal.chestnet.org/article/S0012-3692(17)32981-1/fulltext#cebib0010
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