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Cardiologia25 fevereiro 2019

Saiba a importância da preceptoria na área de saúde

Uma importante estratégia na transição de recém-formado para médico autônomo é a preceptoria, ou treinamento sob supervisão. Conheça a importância deste procedimento:

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Uma das maiores ansiedades do aluno ao ser formar é a necessidade de tomar decisões individuais, autônomas. Será que estou preparado? E se não souber o que fazer? E se fizer mal ao paciente? E muitos outros “e se” vêm à mente. Uma importante estratégia na transição de recém-formado para médico autônomo, com seus pacientes e seu consultório, é o treinamento sob supervisão, isto é, você já está formado, com carimbo, mas tem a orientação de um profissional mais velho e experiente para tirar suas dúvidas e mostrar se está no caminho certo.

Na ordem natural das coisas, a residência médica ou especialização é o ambiente em que isso ocorre naturalmente. Mas minha sugestão é que você busque isso também nos hospitais onde você está de plantão. Quando me formei, vi vários amigos irem atrás de plantões caça-níqueis.

Leia maisO preceptor do Programa de Residência Médica tem de ser especialista na área?

Eu preferi dar plantão em um hospital de alta complexidade (Barra D’or), com vários médicos, rotina presente (que atende o telefone, te orienta e até vai lá – Diamantino Salgado veio um sábado à noite me ajudar a passar meu primeira balão intra-aórtico) e um outro médico de plantão comigo, em geral mais experiente que eu na época.

Pude dar plantão, por exemplo, com vários staffs da minha residência. Só para vocês terem ideia, passei um ano usando minha única tarde livre do R1 para acompanhar, de graça, dois dos maiores nomes da terapia intensiva do RJ, Felipe Saddy e Gloria Martins, só para aprender como eles faziam.

O que esperar de um preceptor?

  1. Tirar suas dúvidas. Mas veja bem: é para dúvidas, e não para endossar todas as suas decisões. Se você precisa perguntar o que fazer para todo paciente que consulta, é preciso rever sua estratégia e estudo.
  2. Avaliação e Feedback: não espere que o seu preceptor vá sempre te elogiar. Isso deixaria você mimado. É preciso mostrar os pontos fracos e orientar como melhorá-los. Faz parte do crescimento. Mas lembre: críticas construtivas. Se houver punições, humilhações e assédio moral, caia fora. O aluno/residente deve se sentir à vontade para perguntar e aprender.
  3. Liderança positiva: o preceptor ideal mostra como se comunicar com os demais colegas, o paciente e a equipe multiprofissional, de modo respeitoso e inclusivo. Se seu staff é muito estrela e acha que sabe toda a verdade, repense se é mesmo o modelo ideal para seguir.
  4. Atualização: não é necessário saber o artigo que saiu ontem, mas é preciso acompanhar as mudanças de diretrizes e usar o bom senso para entender quais delas devem ser incorporadas à prática. Aliás, bom senso é uma qualidade essencial a todo médico. Em casos difíceis ou de muita dúvida, será seu guia fundamental.
  5. Habilidades: nas especialidades com muita prática, é o staff que fará as primeiras demonstrações e depois acompanhará sua atividade para ver se a executou bem.
  6. Decisão: nas situações onde há mais uma opção a ser tomada e nas escolhas da carreira, a experiência de alguém mais velho pode ser importante para te ajudar a enxergar com mais clareza os caminhos a serem tomados.
  7. Gostar do que faz e gostar de ensinar. Trabalhar com alguém carrancudo e de mau-humor pouco agregará, mesmo sendo a pessoa um expert em alguma área.

O que o preceptor espera de você?

  1. Responsabilidade: com paciente, o horário e as tarefas a serem cumpridas. O staff chegar antes de você na enfermaria ou ambulatório é mau sinal…
  2. Estudo: não sabe o que fazer? Se a situação não for urgente, você aprenderá mais estudando e trazendo o conteúdo no dia seguinte do que ouvindo explicações. Saia da zona de conforto. O aluno retém mais o conteúdo se ele o busca e aprende (método ativo) do que só ouvindo (aula expositiva passiva).
  3. Críticas construtivas: se você está chateado com seus colegas, a instituição ou os pacientes, as sugestões não devem vir como reclamações, mas sim acompanhadas de sugestões de melhoria.
  4. Respeito e zelo: pelo paciente, os demais profissionais e a infra-estrutura da sua instituição.
  5. Interesse: há algo novo? Diferente do usual? Então não fique preso ao horário ou regras fixas, flexibilize e aprenda, participe.

Mentoria por pares (Peer Mentorship)

Essa ideia foi levantada pelo blog de residência médica da NEJM e é muito útil na formação médica. O objetivo é que você identifique entre seus amigos de profissão aquele cujo modelo de ideias, condutas e objetivos sejam similares ao seu e vocês façam uma influência positiva um no outro: esse ponto é crucial – o seu “par” não é um aluno, mas sim uma experiência mútua.

Use seus pontos fortes para mostrar o caminho ao seu amigo e aproveite as qualidades dele para aprimorar as suas. Outro aspecto é ter no seu par um ombro amigo, aquele que vai te ouvir e ajudar nos momentos difíceis, trabalhando com você sua resiliência.

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Referências:

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