A Sociedade Brasileira de Anestesiologia (SBA), preocupada com o bem-estar dos pacientes e dos médicos, lançou uma revisão das regulamentações originais de janeiro de 2020, publicando no dia 16 de março de 2020 novas diretrizes para manejo anestésico do paciente portador do SARS-CoV-2. Cabe lembrar que a pandemia pelo Covid-19 ainda é muito dinâmica, e diariamente surgem dados que podem modificar as diretrizes aqui descritas.
O profissional médico, em meio a pandemia, é o que apresenta maior risco de contágio por permanecer em contato com pacientes infectados ou assintomáticos. E a classe dos anestesiologistas apresenta uma especial preocupação por estar em constante manipulação direta com as vias aéreas dos pacientes. As recomendações, a seguir, são dirigidas a todos os profissionais de saúde, sendo que algumas dizem respeito especialmente aos profissionais anestesistas.
Recomendações para anestesiologia no coronavírus
- Toda instituição deve disponibilizar protocolos de atendimento, assim como equipamentos de proteção individual e treinamento da equipe.
- Todos os médicos devem se manter atualizados em relação as mais recentes recomendações pela OMS.
- Evitar contato físico além do necessário durante o exame do paciente.
- Evitar tocar o rosto, nariz e boca com as mãos.
- Higienização frequente das mãos com água e sabão.
- Se possível utilizar álcool em gel após cada lavagem de mãos.
- Para secar as mãos utilizar toalhas de papel descartáveis.
- Utilizar máscara facial quando em contato com pacientes sintomáticos.
- Encaminhar todo paciente suspeito ao centro de referência mais próximo.
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Recomendações especiais aos anestesiologistas
- Avaliação de caso suspeito.
Na dúvida, tratar o paciente como suspeito. Pacientes positivos para Covid-19 devem ser colocados em isolamento em sala com pressão negativa ou totalmente fechada e o pessoal de saúde deve utilizar equipamento de proteção individual adequado.
- Utilização de medidas de precaução padrão de contato e de gotículas como luvas, máscara cirúrgica, avental não estéril e óculos de proteção. As luvas devem ser de procedimento não cirúrgicas e devem ser usadas sempre que o profissional for entrar em contato com fluidos corporais, mucosas, pele não íntegra e artigos ou equipamentos contaminados. Essa medida ajuda a diminuir o risco de contágio para o trabalhador e de um paciente para outro pelas mãos do profissional de saúde.
PS: Casos suspeitos são determinados por:
- Paciente que retornou de áreas afetadas nos últimos 14 dias;
- Paciente em contato nosocomial ou comunitário com pessoas infectadas;
- Profissionais de laboratório expostos a material biológico de pacientes positivos.
- Ao realizar a manipulação de vias aéreas utilizar máscara de proteção respiratória tipo N95, N99, N100, PFF2 ou PFF3. A máscara cirúrgica tem proteção precária.
- A remoção e o descarte dos equipamentos devem ser feitos de forma adequada, a fim de evitar a autocontaminação e de acordo com as recomendações da CCIH.
Cuidados com a manipulação das vias aéreas e terapia ventilatória em pacientes suspeitos ou diagnosticados
- Em caso de indicação de suporte ventilatório, a intervenção deve ser feita de forma eletiva, evitando formas de emergência que podem acabar aumentando o risco de transmissão.
- A intubação traqueal deve ser realizada pelo profissional mais experiente para evitar perda de tempo e maior contaminação.
- Evitar a ventilação manual do paciente, realizando pré-oxigenação e sequência rápida para intubação.
- A intubação com o paciente acordado deve ser evitada.
- Evitar o uso de terapia ventilatória não invasiva para suporte ventilatório diminuindo o risco de contaminação e disseminação da infecção.
- Os procedimentos devem ser realizados em salas fechadas ou com pressão negativa.
- Utilizar circuitos de ventilação fechados.
- Utilizar um único aparelho de anestesia para pacientes contaminados ou com suspeita de contaminação pelo Covid-19.
- Todo o material reutilizável deve ser processado de acordo com a CCIH.
- Utilização de filtro de barreira no ramo expiratório no circuito de anestesia.
- Substituição completa do canister de cal sodada após cada utilização.
- A recuperação pós-anestésica do paciente deve ser feita na própria sala de cirurgia.
A SBA se compromete a realizar atualizações sempre que novas recomendações surgirem.
Referências bibliográficas:
- Protocolo de manejo clínico para o novo coronavírus (2019-nCoV) do Ministério da Saúde.
- Recomendações para atendimento a pessoas com suspeita de infecção pelo novo coronavírus (2019-nCoV) na atenção primária à saúde.
- Center for Disease Control and Prevention – Interim Infection Prevention and Control Recommendations for Patients with Suspected or Confirmed Coronavirus Disease 2019 (COVID-19)
- World Health Organization – Coronavirus Disease (COVID-19) Outbreak: Rights, Roles and Responsibilities of Health Workers, Including Key Considerations for Occupational Safety and Health.
- Anvisa – Cartilha de Proteção Respiratória contra Agentes Biológicos para Trabalhadores da Saúde.
- Nota técnica 8/2020 Anvisa.
- American Society of Anesthesiology – Coronavirus Information for Health Care Professionals.
- Peng, PWH, Ho PL & Hota SS. Outbreak of a new coronavirus: what anaesthetists should know.
- Practical recommendations for critical care and anesthesiology teams caring for novel coronavirus (2019-nCoV) patients. Can J Anaesth. 2020.
- Ti, LK, Ang, LS, Foong, TW et al. What we do when a COVID-19 patient needs an operation: operating room preparation and guidance. Can J Anesth/J Can Anesth. 2020.
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