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Anestesiologia20 julho 2022

A conduta do anestesista e a relação com a paciente gestante

O anestesista é o primeiro e o último contato da mulher no parto cesárea. É um momento importante e de confiança entre médico e paciente.

De acordo com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, as estatísticas mostram que ocorre um estupro a cada 10 minutos no Brasil. Este é um dado alarmante e preocupante, que deve ser olhado com cuidado pela comunidade médica e pela sociedade como um todo. Como mulher e anestesista, para mim o dado é um soco no estômago: como estamos estabelecendo a nossa relação de profissionais com nossas pacientes, principalmente em momentos de maior exposição e fragilidade feminina, como durante um parto cesáreo?

O anestesiologista é o primeiro e o último contato do paciente na sua entrada ao centro cirúrgico. Durante um parto cesáreo, é quem mantém a paciente acordada para que ela receba seu bebê, participe desse momento único e tenha todas as memórias guardadas dentro de si. Em casos de exceção, é quem realiza a sedação.

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A relação do anestesiologista e seu paciente envolve um elo de confiança direto. Ele tem a responsabilidade sobre a segurança e o cuidado durante uma cirurgia. Antes, após e durante o ato anestésico, esse médico atua como um verdadeiro guardião. Sabemos que, muitas vezes, essa relação médico-paciente começa frágil, pois não é incomum o paciente conhecer o profissional apenas no dia ou na véspera do procedimento cirúrgico – no entanto, isso não muda o fato do paciente confiar a vida em suas mãos. 

Nossa especialidade é praticada com base em princípios éticos e morais e não será denegrida baseada em atos de determinados profissionais negligentes e/ou criminosos. Acredito que devamos ser enérgicos ao sustentar essa postura: não é justo, do ponto de vista do paciente e de seus familiares, viver sentimentos de insegurança quanto a um profissional da área médica. Não é justo que nós, que exercemos a profissão com seriedade, tenhamos que enfrentar desconfiança por parte da sociedade.  

Somos o elo mais próximo da gestante durante seu momento de maior fragilidade emocional. Na integralidade do ato anestésico, nessa situação somos capazes de amenizar a sua dor e trazer conforto com respeito, segurança e cuidado. O anestesiologista pode atuar quase como um “anjo da guarda” – todo e qualquer profissional que fuja desse perfil, não pode ser chamado como tal.

Autoria

Foto de Ana Emília Teófilo Salgado

Ana Emília Teófilo Salgado

Residência Médica em Anestesiologia pelo Ministério da Educação e Cultura no Hospital Federal de Ipanema ⦁ Título de Especialista em Anestesiologia pela Sociedade Brasileira de Anestesiologia ⦁ Pós-graduação lato sensu em Dor pela Faculdade Israelita de Ciências da Saúde Albert Einstein ⦁ Plantonista UTI Pós-Operatória no Complexo Hospitalar de Niterói ⦁ Anestesiologista no PET - Programa Estadual de Transplantes ⦁ Graduação em Medicina pela Universidade Federal Fluminense – UFF

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