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Cirurgia1 abril 2022

Gastrostomia: Ainda necessitamos dela?

A gastrostomia quando indicada é de fundamental importância, visto que pode salvar a vida de um paciente ou ser a única forma de nutrição.

Por Felipe Victer

A gastrostomia pode ser considerada um procedimento de exceção, visto que é utilizada como um último recurso, quando os demais métodos falharam ou estão impossibilitados de serem realizados. Porém, quando indicada é de fundamental importância, visto que pode salvar a vida de um paciente ou servir como a única forma de nutrição.

cirurgião recebendo instrumento durante cirurgia para refluxo gastroesofágico

O paciente com déficit neurológico e a gastrostomia

Talvez esta seja a indicação mais comum  de gastrostomia: a população que apresenta algum déficit que impeça a deglutição de forma adequada e, com isto, necessita da utilização de sondas por longos períodos. Não existe um prazo determinado para quando uma sonda naso-entérica deva ser substituída por uma gastrostomia, no entanto, condições irreversíveis usualmente justificam a realização da gastrostomia. Devida à dificuldade do manejo das sondas, como entupimento e desposicionamento, a gastrostomia também é de grande utilidade de forma temporária, especialmente quando a sonda já apresentou algum tipo de dificuldade técnica.

É fundamental a integridade do trânsito faringo-esofágico-gástrico

Uma segunda indicação frequente de gastrostomia é a necessidade de nutrição do paciente, devido a tumores que bloqueiam a passagem do alimento até o estômago, seja para um preparo pré-operatório ou até como método definitivo de nutrição. A alimentação por via gástrica é mais fisiológica e de mais fácil manejo que as nutrições utilizadas por jejunostomias.

As gastrostomias não são apenas para nutrir

Em situações patológicas de gastroparesia o uso de cateteres naso gástricos de grosso calibre e por longo período podem ser de difícil tolerância pelo paciente e também acarretar complicações, como necrose de asas de nariz e/ou sinusites. Assim, o uso de gastrostomia pode melhorar a qualidade de vida destes pacientes. De forma semelhante, há situações em que o cirurgião opta pela realização de gastrostomia para descomprimir o conteúdo gástrico de forma duradoura e mais eficiente por uma gastrostomia.

Como confeccionar uma gastrostomia?

Sem dúvida, a forma mais rápida e eficaz para a realização de gastrostomias é por via endoscópica. Com uma sedação leve e uso de anestésicos locais é possível a confecção de uma gastrostomia, com o auxílio de um endoscópio. Entretanto, nem sempre é possível realizar uma gastrostomia de forma endoscópica. Para a realização da gastrostomia é condição sine qua non que o endoscópico consiga chegar até o estômago, e uma vez no estômago, necessita de uma excelente transiluminação da luz do endoscópico pela parede do indivíduo. Assim, tumores que impeçam a passagem do aparelho são uma contraindicação absoluta para a realização de gastrostomias endoscópicas e condições que dificultam a transiluminação, como cirurgias prévias e grande panículo adiposo podem dificultar e até impedir a realização do procedimento.

Nestas situações que o endoscópio não é capaz de realizar a gastrostomia é onde está a maior indicação da gastrostomia cirúrgica, onde o cirurgião irá acessar diretamente o estômago, mesmo que seja necessário realizar grande lise de aderências e/ou seccionar grandes espessuras de tecidos. Para a confecção da gastrostomia cirúrgica pode ser utilizada a técnica convencional ou a laparoscopia, com os benefícios e limitação de cada técnica.

Uma modalidade que tem ganhado cada vez mais ímpeto na confecção de gastrostomias é a radiologia intervencionista. Com uso de técnicas de punção guiada por TC ou US o radiologista é capaz de posicionar um cateter dentro do estômago sem a necessidade de um endoscópico para certificar o posicionamento. Esta técnica é de grande utilidade na população com tumores que impedem a passagem do aparelho. Esta população de pacientes oncológicos, usualmente está com grande limitação física, devido a uma desnutrição severa, e eventualmente um procedimento de maior porte, mesmo que uma gastrostomia cirúrgica, pode ser bastante deletéria. Infelizmente são poucos os centros que realizam este tipo de procedimento.

Como se retira uma gastrostomia?

Esta é uma pergunta bastante frequente e o não especialista acaba apresentando dúvidas neste item. Na grande maioria das vezes, a simples retirada da sonda de gastrostomia é a única manobra necessária para o fechamento do óstio. Após a retirada da sonda, a musculatura da parede abdominal e da parede gástrica irá se contrair, impedindo a saída do conteúdo gástrico. Infelizmente em algumas situações isto não ocorre e se tornam necessárias outras medidas, sejam elas cirúrgicas e/ou endoscópicas.

Para levar para casa

A gastrostomia é bastante útil para nutrir e/ou descomprimir o estômago em diversas situações clínicas. Independente do método a ser utilizado para a sua confecção é importante saber que todas irão apresentar a mesma função.

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