A pandemia da Covid-19 trouxe vários desafios ao mundo, ao passo que também pode ser encarado como um período de grandes avanços científicos. Durante as pesquisas clínicas, drogas como hidroxicloroquina e azitromicina foram elencadas no arsenal terapêutico da doença. Por esse motivo uma preocupação com arritmias cardíacas por prolongamento do intervalo QT preocupou a comunidade médica.
Diversos protocolos de monitorização desses pacientes foram desenvolvidos e tecnologias foram aventadas para auxiliar nessa tarefa. Foi nesse sentido que o American College of Caridology indicou dispositivos inteligentes (smartwatches), previamente utilizados para detecção de fibrilação atrial, como possibilidade de monitorização de arritmias e prolongamento do intervalo QT.
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Testes práticos
Foi com a intenção de testar os relógios inteligentes na medição do prolongamento do intervalo QT, que um estudou avaliou 100 pessoas consecutivamente, em ritmo sinusal que se apresentaram a departamentos de emergência. O dispositivo era capaz de reproduzi 1 canal de ECG, sendo então medido em três lugares a fim de contemplar 3 derivações (DI no punho esquerdo, DII no tornozelo esquerdo e V6 na linha axilar anterior). Um cardiologista, utilizando um software específico mediu e corrigiu o intervalo QT de acordo com a fórmula de Bazett.
A média de idade da população era de 67 anos, 59% eram homens e 35% tinha diagnóstico de doença cardíaca. A frequência cardíaca do dispositivo batia com a frequência cardíaca medida no ECG convencional de 12 derivações. Os intervalos QT variaram de 336 a 530 ms. Oito pacientes foram identificados como alto risco de arritmias tanto pelo ECG quanto pelo relógio.
O QT não pode ser medido em todas as derivações em todos os pacientes pelo relógio devido à baixa amplitude da onda T, artefatos e interferências, ou os dois.
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Conclusão
Por fim, o estudo concluiu que o relógio inteligente foi capaz de medir corretamente o intervalo QT em 84% dos casos quando avaliado no punho e 94% quando foi medido em mais de uma derivação.
Esses achados abrem precedentes para utilização de dispositivos inteligentes na monitorização de complicações em tratamentos que envolvem o prolongamento do intervalo QT como efeito colateral.
Referências bibliográficas:
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